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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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Quando a brincadeira inconveniente no local de trabalho vira assédio

assedio no trabalho
Ao perceber assédio no trabalho, a vítima deve tomar algumas medidas.

Como identificar quando a intimidade no local de trabalho entre os colegas passa dos limites e ultrapassa a barreira de uma simples brincadeira ou descontração para ser um assédio moral, psicológico ou até sexual?

Vamos primeiro falar o que vem a ser o assédio. Assediar é expor o indivíduo a situações de constrangimento e/ou humilhações. O constrangimento e humilhação em alguns casos pode estar associado ao ambiente laboral da pessoa, que acaba sendo exposta a situações hierárquicas autoritárias e sem simetrias, permeadas de relações desumanas, sem ética, negativas e psicologicamente prejudiciais ao trabalhador.

Muitos confundem o assédio como sendo apenas ações realizadas através de piadas, críticas, insultos, ameaças, enfim… mas não é só isso, o assédio pode estar vinculado a pressão excessiva, a uma proposital sobrecarga de tarefas, imposições de horários absurdos, isolamentos, instruções imprecisas, que podem induzir ao erro, exposição da pessoa, e também a utilização do seu poder de liderança para assediar sexualmente um parceiro de trabalho.

Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. É um processo deliberado de perseguição, mesclado por atos repetitivos e, sobretudo, prolongados. Constata-se nele o objetivo de humilhar, constranger, inferiorizar e isolar o alvo, seja ele quem for no grupo social.

E quando podemos caracterizar o fato como um assédio ou uma brincadeira? Primeiro, temos que observar se a ação é repetitiva e está gerando constrangimento e angústia na vítima. A questão deixa de ser uma brincadeira quanto está carregada de mau gosto, de um caráter vexatório que acaba fazendo com que a pessoa não se sinta mais confortável naquele ambiente, não tenha mais vontade de produzir ou não tenha mais condições psicológicas para isso.

Alguns sintomas podem começar a aflorar, em consequência do assédio como: depressão, síndrome do pânico, ansiedade excessiva, medo generalizado, estresse, distúrbios bipolares e alterações de humor.

Danos e violência de natureza psicológica e fisiológica, também: crises de choro, dores generalizadas, palpitações, tremores, sentimentos de inutilidade, insônia ou sonolência excessiva, depressão, diminuição da libido, sede de vingança, aumento da pressão arterial, dores de cabeça frequentes, distúrbios digestivos, tonturas, ideia de suicídio, falta de apetite, falta de ar, necessidade de fuga para a bebida.

Enfim, se o ambiente de trabalho lhe causa mais de um destes sintomas, as investidas não devem ser consideradas como “brincadeiras”, elas são sim assédio.

Enfim, ao perceber que está passando por um processo de assédio no trabalho, a vítima deve tomar algumas medidas, como: anotar, com detalhes, todas as humilhações e investidas sofridas: dia, mês, ano, hora, local, nome do agressor, testemunhas e conteúdo das conversas.

Dar visibilidade às situações, procurando a ajuda de colegas que testemunharam ou que sofrem as mesmas humilhações ou constrangimentos; ou que possam perceber que existe também, além de moral, uma conotação sexual no contexto. Evite também ter conversas particulares com o agressor e agente do constrangimento.

Calar-se não é a melhor estratégia. Não se deixe adoecer pelas atitudes do outro.  Passamos muitas horas de nosso dia dentro do ambiente de trabalho rodeado de outras pessoas que, naturalmente, possuem crenças, valores, sonhos e desejos, divergentes dos nossos.

Por este motivo é muito importante buscar a harmonia nas relações e nos ambientes em que estamos. Desta forma podemos viver mais felizes e com mais consciência de nosso papel neste universo corporativo.

Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista

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