26 de dezembro

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Sergio Torres

Sergio Torres trabalhou nos três maiores jornais do país ao longo de 35 anos. Mas se interessa mesmo é pelas notícias locais de Niterói, onde nasceu e sempre viveu. 
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Pelé, Dinamite, Renê e Walmyr

renevale
Renê com a camisa do Fluminense: morto pela Covid aos 59 anos

Na tarde de 4 de setembro de 1985 eu estava sentado na lateral do campo da Rua Teixeira de Castro, modesto estádio do Bonsucesso, na Zona Norte do Rio. Bem perto da bandeira do corner em que o Fluminense atacava pela direita. Ali, ao meu lado, o ponta-esquerda Paulinho, de pé trocado, bateu o escanteio na cabeça do meio Renê. Gol. Fluminense 1 x 0 Bonsucesso, placar definitivo.

Eu era repórter de “O Fluminense” à época. Mas não estava fazendo a cobertura do jogo. Torcia dentro de campo, em lugar estratégico. Estava ali porque o então editor de Esportes, Walmyr Peixoto, me avisou.

“Serginho, vou mandar um fotógrafo pra Teixeira de Castro. Se quiser, vai com ele pra ver o jogo.”

“Beleza, vou falar aqui com a chefia”, respondi.

Não lembro quem estava na Chefia de Reportagem. Ou Gilberto Fontes ou o Turco, vulgo de Aissar Elias Jorge. O fato é que fui liberado e segui para o estádio suburbano, possivelmente na companhia do fotógrafo Marcelo Regua e de um motorista cuja identidade esvaneceu-se ao longo destas quase quatro décadas.

A organização do Campeonato Carioca era uma bagunça. Entrei no gramado, escolhi meu lugar e ali me estabeleci. Ninguém falou nada. Se quisesse esfaquear um jogador, bastava dar dois passos.

Lembro que também assisti no igualmente modesto e suburbano estádio da Rua Bariri à partida entre Fluminense e Olaria pelo Carioca de 1984. Mais uma vez, a convite de Walmyr, sujeito de primeira que nos deixou na semana passada.

Este breve texto é uma homenagem a ele e também a Renê Weber, o autor do gol solitário em Teixeira de Castro. Renê morreu em dezembro de 2020, vítima da Covid. Foi um grande campeão tricolor. Integrou os elencos vencedores nos Cariocas de 1984 e 85 e no Brasileiro de 1984.

Também presto aqui uma simplória homenagem a Roberto Dinamite, a quem entrevistei pela “Folha de S. Paulo” em seu gabinete na presidência do Vasco, e a Pelé. Pela “Folha” ainda entrevistei o Rei na década de 90. O jornal paulista publicou uma página com o resultado da minha conversa com Pelé.

Ambos, Pelé e Roberto, foram extremamente gentis comigo, a despeito da dureza de algumas perguntas que me foram passadas pela editoria de Esportes. No caso de Roberto, o tema era a derrocada vascaína que se esboçava. O time viria a ser rebaixado do Brasileiro algumas semanas depois.

Com Pelé, a polêmica era em torno de seu milésimo gol. Algum jornalista mala de São Paulo fez as contas e concluiu que o gol 1.000 do Rei não saíra no jogo contra o Vasco em 1969, conforme registra a crônica internacional. Pois Pelé riu da descoberta e respondeu a tudo o que perguntei. Sempre simpático e risonho.

 

 

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