4 de dezembro

Niterói por niterói

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Luiz Cláudio Latgé

Jornalista, documentarista, cronista, atuou na TV Globo por 30 anos, como repórter, editor, diretor. Consultor em estratégia de comunicação, mora em Niterói e costuma ser visto no Mercado de São Pedro.
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Para onde vamos, segundo o IBGE

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O prédio da antiga agência do Itaú, na rua Gavião Peixoto, está sendo demolido. No lugar, vai subir uma torre com apartamentos de um e dois quartos, novo padrão do mercado imobiliário.  A cena é conhecida em Icaraí: no bairro mais populoso de Niterói, para subir um prédio é preciso derrubar outro. Não há espaço para expansão. Apenas a superposição como camadas geológicas.

Mas como a população de Niterói se movimenta, nas suas migrações internas, na busca por espaço para viver?
O Censo 2022 do IBGE aos poucos revela a dinâmica da ocupação da cidade nos últimos anos. Niterói encolheu, perdeu população. Mas isto não acontece de forma linear. Alguns bairros cresceram. A cidade continuou a se expandir em direção a Região Oceânica. Nenhuma área, cresceu tanto. Piratininga foi o bairro mais procurado. Outras áreas perderam moradores, como o Centro, Santa Rosa, Barreto e Fonseca por conta da brutal deterioração da qualidade de vida nestes bairros, fruto do empobrecimento e da falta de segurança. Numa cidade carente de residências, há 3.500 domicílios abandonados.
O perda de qualidade de vida também explica outro fenômeno. O aumento das favelas. Na cidade que diminui, como o IBGE mostrou que aconteceu em toda a Região Metropolitana, a ocupação das favelas aumentou, ganhou mais de 10 mil moradores, para passar de 80 mil, praticamente a população de Icaraí, 17% dos moradores da cidade. O Morro do Preventório, hoje, é a maior favela de Niterói, superando o Morro do Estado, Cavalão e a Vila Ipiranga.
As políticas públicas não ajudaram nos últimos anos. E o zoneamento proposto pelo município, que insiste na liberação de prédios em áreas congestionadas, não parece que será uma solução. Apenas apontam para mais concentração e engarrafamentos.
Como nenhuma cidade é uma ilha, a migração também acontece entre cidades vizinhas. Niterói hoje perde moradores para Maricá, a cidade que mais cresceu no estado. E recebe moradores de São Gonçalo, a cidade que mais perdeu população.
Na cidade com melhor IDH do estado, e com forte receita dos royalties, era de se esperar que os moradores quisessem continuar vivendo por aqui. Alguma coisa está errada.

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