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Lupulinário

Por Sônia Apolinário

Sônia Apolinário é jornalista tendo trabalhado nos principais jornais do país, sempre na área de Cultura. Também beer sommelière, quando o assunto é cerveja e afins, ela se transforma na Lupulinário.
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A conta da Covid na cerveja artesanal e restaurantes de Niterói

Foto: Pixabay

Após dois anos de pandemia, há uma hipótese que tem sido cada vez mais recorrente, que negócios que já estavam com a saúde debilitada, quando março de 2020 chegou, tiveram suas “mortes” antecipadas e não provocadas pelas medidas restritivas de combate ao Coronavírus. Com o segmento de cerveja artesanal e bares e restaurantes, em Niterói, não foi diferente.

Cerveja artesanal

Ao longo desse período, duas marcas foram incorporadas por empresas maiores: Máfia pela Masterpiece e W*Kattz pela Noi.

Logo no início da pandemia, houve uma corrida em busca da venda direta ao consumidor, uma vez que o lockdown fechou bares e restaurantes. O serviço de delivery, que quase ninguém tinha, foi visto como a salvação da lavoura. E foi, por um tempo. Principalmente para quem teve agilidade para implementá-lo rápido.

Naquele momento, acreditou-se piamente que a mudança dos hábitos dos consumidores teria se alterado para sempre e que o consumo em casa tinha vindo para ficar. A tese caiu por terra a partir de outubro do mesmo 2020 quando as pessoas, já cansadas de ficar em casa, foram em busca dos bares e restaurantes que retomavam timidamente as atividades. O delivery não acabou, mas os pedidos diminuíram.

A lição tirada no primeiro ano de pandemia, para o segmento, é que era preciso rever planos de negócios e tentar antecipar os novos hábitos dos consumidores. Quem tivesse agilidade para implementar mudanças teria vantagens. Manter a qualidade dos seus produtos se tornaria divisor de águas para as marcas.

Em Niterói, a pandemia não impediu a abertura de uma nova cervejaria, a Malteca. E também a criação de um novo polo cervejeiro, o Biergartem Jardim Icaraí, de ampliações na Vila Cervejeira e expansão da rede de bares da cervejaria Masterpiece. Uma marca paulista, a Bamberg, abriu um espaço próprio na cidade.

No segundo ano de Covid, Niterói perdeu um brewpub – a Brewlab se desfez dos seus equipamentos. Porém, está prestes a ganhar outro – a Dead Dog já está com sua fábrica instalada na Vila Cervejeira e só aguarda o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para começar a produzir.

No Biergarten, uma marca encerrou sua operação no espaço e pelo menos mais uma deve sair também.

É possível pensar que o saldo da pandemia, no segmento, em Niterói, será o de uma depuração. O que se comenta entre os cervejeiros é que a cidade segue sendo vista como promissora em termos de atração de negócios porque  são feitas sondagens constantes de marcas “forasteiras” querendo se chegar. Porém, como ainda há dúvidas sobre o futuro da pandemia, as conversas ainda não se tornaram ações.

Bares e Restaurantes

De acordo com Alexis Japiassu, presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Niterói (Sindleste-RJ, com competência em 20 municípios do estado), 30% do segmento fechou as portas nesses últimos dois anos. Ele é um dos que endossam a hipótese inicial: a maioria dos estabelecimentos já vinha enfrentando dificuldades desde 2015.

O delivery também foi muito importante para o setor, chegando a garantir mais de 40% do faturamento. O que Japiassu aponta como “golpe de misericórdia” é a combinação de queda da renda dos consumidores com aumento do preço dos insumos. Ou seja, comer na rua ficou mais caro em um momento em que as pessoas estão podendo pagar cada vez menos. Resultado: o ticket médio caiu cerca de 40%.

“Quem chegou vivo em 2022 pode ser considerado vitorioso. Porém, 80% desses estabelecimentos, em Niterói, estão endividados. A expectativa é que 2023 seja o ano de pagamento de dívidas”, comenta Japiassu.

Ele observa que, além dos vários momentos abre-fecha dos bares e restaurantes, o setor acabou ganhando novos concorrentes: as dark kitchens, que são cozinhas profissionais que existem apenas para atender delivery. Sem custos de instalações, conseguem oferecer boas refeições mais baratas. O boom desse serviço na cidade, inclusive, impactou o atendimento de delivery dos cervejeiros artesanais que passaram a ter dificuldade de encontrar entregadores para seus produtos.

A variante Ômicron, no começo de 2022, foi outro desafio para os bares e restaurantes. O alto grau de contágio positivou para a doença clientes e funcionários e o movimento despencou. Japiassu deposita suas esperanças de recuperação do segmento no segundo semestre:

“Essa é a época do aumento do salário do servidor público federal e essa categoria profissional é muito forte na cidade”, afirma.

 

 

 

 

 

 

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