21 de novembro

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Sergio Torres

Sergio Torres trabalhou nos três maiores jornais do país ao longo de 35 anos. Mas se interessa mesmo é pelas notícias locais de Niterói, onde nasceu e sempre viveu. 
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Os 90 anos de um mestre

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Pinheiro Junior (de frente, ao centro), na antiga Redação do jornal O Fluminense

Neste sábado, 16 de novembro, aniversaria pela 90ª vez um jornalista raro, daqueles que surgem de vez em quando (e cada vez menos). Falo de Pinheiro Junior,  referência de todos os bons jornalistas que iniciaram a carreira em Niterói nos últimos 50 anos, pelo menos.

Convivi muito pouco com Pinheiro Junior. Um breve período na reportagem geral de “O Globo”, por volta de 1987/88. Ele era editor de Cidades (ou Rio, não lembro mais como a editoria se chamava); eu, um jovem repórter. Sempre me tratou com extrema consideração e deferência.

Quando comecei na profissão, em 1983, logo arrumei uma vaga em “O Fluminense”, antes mesmo de me formar jornalista pela UFRJ. Pinheiro havia deixado o jornal niteroiense um tempo antes. Estava em “O Globo”.

Mesmo longe, José Alves Pinheiro Junior se fazia presente no dia a dia da Redação de “O Fluminense”. Seus ensinamentos ainda ecoavam entre os jornalistas da equipe.

O chefe de reportagem, Gilberto Fontes, sempre o citava. Em 1986, Pinheiro o levou para “O Globo”, onde trabalhou como subeditor da Rio.

“O capixaba mais niteroiense do mundo está completando 90 anos de idade e 72 de jornalismo. Vive até hoje a febre de notícias”, diz Gilberto.

Pinheiro chegou a “O Fluminense” em 1975, quando foi implantado o então moderno sistema de impressão offset.

“Pinheiro é não somente um formador de opinião, mas também professor de muitos jornalistas. Com ele aprendi a editar um jornal com a lepidez dos tempos pré-internet”, lembra Gilberto, promovido pelo mestre a coordenador de Redação.

A trajetória de Pinheiro Junior começa no Liceu Nilo Peçanha, onde editava um jornalzinho mimeografado. Em 1955, concluiu o curso de jornalismo na Faculdade Nacional da UFRJ, mas nunca foi apanhar o diploma. Estreou como repórter da “Última Hora”, de Samuel Wainer. Foi chefe de reportagem, editor e diretor até o fechamento do jornal por questões políticas e econômicas.

É extensa a lista das Redações em que exerceu cargos de chefia. Além de “O Globo”, “O Fluminense”, “Última Hora” e TV Globo, esteve no “Jornal do Brasil”, “Folha de S.Paulo”, revistas Manchete, Brasil Mais e Revista da Semana, emissoras Rio e Educativa de televisão.

Não à toa Pinheiro é imortal da Academia Fluminense de Letras. Ocupa a cadeira 11, que tem como patrono José Clemente. É autor de “A Última Hora como ela era”, “Bombom ladrão”, “Mefibosete e outros absurdos”, ”Aventuras dos meninos Lucas Pinheiro”,  “Esquadrão da Morte“ (em coautoria com Amado Ribeiro) e “Febre de notícias ao entardecer”.

Trabalhei um bom tempo com a grande jornalista Aurita Pinheiro, filha de Pinheiro Junior. Fomos colegas em “O Fluminense”, naquela época em que todos estávamos começando. De vez em quando esbarro em Aurita nas caminhadas que faço em Icaraí. Sempre uma satisfação revê-la.

 

 

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