A eleição em Niterói mostrou que a cidade quer definir o seu destino. Num município com elevado índice de idosos e importante número de jovens sem obrigação de votar, 307. 857 moradores, quase 75% do eleitorado, foram às urnas escolher prefeito e vereadores. As urnas mostraram que a cidade aprova o governo dos últimos anos, mas quer se ver representada nas decisões políticas. A eleição para a Câmara mostrou isto, com um avanço da bancada da direita, e o PL de Bolsonaro com quatro vereadores, Douglas Gomes o mais votado, com mais que o dobro de votos do segundo mais votado, Professor Túlio, do PSOL. O PDT do prefeito elegeu três, o PSOL, PT, União Brasil e o MDB, apenas dois. Paulo Eduardo Gomes ficou de fora, como primeiro suplente, Walkiria Nictheroy também. Uma pena.
Rodrigo Neves teve 136.064 votos, 48,47% dos votos válidos, uma votação expressiva diante do que se viu na câmara. Muito perto de vencer no primeiro turno. A diferença para a vitória foi menor do que o percentual de votos em branco, 3,55%. O ex-prefeito mostra uma posição firme na cidade, que já governou por dois mandatos, com bom índice de aprovação. Importante levar em conta que o bolsonarismo fez estrago com vitórias expressivas no estado, na Baixada Fluminense, em São Gonçalo, até os inacreditáveis 93,79% dos votos do prefeito de Itaboraí, Marcelo Delarolli do PL.
Foi a primeira eleição em que a direita teve um candidato forte em Niterói. Em 2020, a desorganização do partido de Bolsonaro deixou este segmento do eleitorado sem um candidato, representada à última hora pelo desconhecido Allan Lyra, que agora se elege vereador pelo PL. Desta vez, o PL apresentou o deputado federal Carlos Jordy, colaborador do governo Bolsonaro, que se deu ao trabalho de visitar Niterói para apoiá-lo. Jordy vai para o segundo turno com 99.920 votos (35,59% dos votos válidos); mas já teve mais que isso na eleição para a Câmara de Deputados. Não mostrou propostas claras de governo, além de retirar os dependentes de drogas das ruas, e é impossível saber com que governaria, caso vencesse. Contou, porém, com forte apoio do voto evangélico, a grande novidade desta eleição, em Niterói, repetindo o comportamento de cidades como São Gonçalo.
Talíria Petrone, por seu lado, fez uma bonita campanha, com 12,65% dos votos. Amplia um pouco a votação conquistada por Flávio Serafini na última eleição (9,82%), mas mostra que o eleitorado com preocupações sociais ainda tem peso na cidade que um dia criou o Médico de Família e foi importante para a construção do SUS. Importante lembrar depois que passamos por uma pandemia em que o presidente Bolsonaro era contra a vacina. Talíria será uma força importante no segundo turno no apoio a um governo progressista. É uma nova força política na cidade, onde se elegeu deputada Federal.
Ah, como nem tudo muda na paisagem, Gallo foi eleito para o oitavo mandato na Câmara de Vereadores. Ou nono…