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Silvia Fonseca

Silvia Fonseca é jornalista e trabalhou por 30 anos no jornal O GLOBO, onde foi Editora Executiva. Tem pós em Gestão de Redação, tem uma consultoria em soluções de mídia e é sócia fundadora do A Seguir: Niterói. Nasceu em Minas, mas mora em Niterói há 32 anos.
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O novo ‘Lulinha paz e amor’ nos tempos de guerras

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Lula anunciou que voltou a ser o “Lulinha paz e amor” da campanha 2002. Não é de todo verdade. Mesmo garantindo que, se eleito, deixará de lado o ressentimento pela sua prisão e os processos contra ele,  o novamente candidato à Presidência pelo PT está disposto a comprar muitas brigas, antigas e novas. E desta vez não vai medir palavras para agradar ao mercado, ao empresariado, à elite, à centro-direita. Busca alianças ao centro, mas vai defender políticas públicas que desagradam a parte desses segmentos.

Foi o que mostrou em longo discurso neste sábado (26), no Festival Vermellho, que comemorou em Niterói os cem anos de fundação do PCdoB.  No palco do Teatro Popular, entre as curvas sinuosas do Caminho Niemeyer, de frente para a Baía de Guanabara, Lula deu muitos recados. Em torno dele havia, além de dirigentes e militantes do PCdoB, líderes de diversos outros partidos aliados.

Nove entre dez que discursaram admitiram que a campanha eleitoral vai ser acirrada, duríssima. Lula não se furtou a  citar o nome de Bolsonaro e de chamá-lo de fascista, miliciano, medroso, psicopata.

Contou que durante um tempo pensou muito se deveria ou não ser candidato a Presidente de novo, mas que o mais difícil não vai ser ganhar. “Porque esse fascista não só não fez nada pelo povo brasileiro como destruiu as instituições e os programas sociais”. Difícil vai ser reconstruir e devolver o Brasil aos brasileiros, afirmou.

Em seguida encarou o mercado e o empresariado:

“Se eu ganhar, a primeira coisa a fazer é colocar o povo pobre no Orçamento do Estado de novo. No Orçamento das prefeituras, dos estados, da União. E a contrapartida será colocar o rico no Imposto de Renda porque rico não paga Imposto de Renda neste país”. Afirmou ainda que em janeiro, caso eleito, chamará os 27 governadores para discutir um plano federativo para o país.

“Este cara (Bolsonaro) nunca chamou prefeitos, governadores para conversar; ele só se reúne com os milicianos dele…”

Na análise que fez para a plateia comunista, disse que o “milagre” que seu governo fez, citando conquistas sociais e resultados favoráveis na economia, “foi porque o pobre não era visto como problema, mas como solução”, dizendo que é preciso distribuir renda para crescer. Não citou os bons ventos da economia mundial nem erros da política econômica especialmente sob Dilma, mas ele não parece disposto a admitir quaisquer erros mesmo.

Fez um apelo pela eleição de bancadas de deputados e senadores comprometidos com causas progressistas porque “não basta votar no Lula, e é importante ver o que está (acontecendo) aí”.

“Orçamento secreto é a maior vergonha deste país. Se não fosse vergonha não seria secreto. Se fosse honesto, digno, por que todo mundo não poderia saber? Se é secreto, tem safadeza”, discursou.

Falou de temas nos quais o Governo Bolsonaro é uma lástima. Defendeu a preservação da biodiversidade, a proteção das riquezas minerais no Brasil e atacou a atual  política de preços da Petrobras.

“A Petrobras tem de voltar a ser do povo. Não podemos deixar privatizar os Correios, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica…”, pregou, anunciando que, se eleito, o país terá nova política industrial.

“No meu governo era R$ 2,60 o preço da gasolina. Agora jogam a culpa na Ucrânia… Brasileiros e brasileiras, se preparem porque nós vamos abrasileirar o preço do combustível, do gás e do diesel.” Também não tocou nos escândalos que envolveram a Petrobras nos governos do PT.

Contou que já lhe disseram que Bolsonaro tem medo de perder as eleições porque teme ser preso. E que por isso foi decretado sigilo de 100 anos sobre processos que envolvem os filhos do presidente.

“Ah, esse sigilo vai acabar logo…” falou, com ironia, rindo de si mesmo.

Era o novo “Lulinha paz e amor” pronto pra guerra.

 

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