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Sergio Torres

Sergio Torres trabalhou nos três maiores jornais do país ao longo de 35 anos. Mas se interessa mesmo é pelas notícias locais de Niterói, onde nasceu e sempre viveu. 
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O galã de Maricá

gala
A entrevista com Carlos Alberto, que tentou ser prefeito de Maricá, ao caderno de cultura do Fluminense

 

Quando eu era bem criança havia na TV brasileira dois casais de astros: Tarcísio Meira e Glória Menezes; Carlos Alberto e Yoná Magalhães.

Tarcísio/Glória e Carlos Alberto/Yoná eram fenômenos de audiência. As novelas que estrelavam deram início à consolidação da imagem da TV Globo como campeã da dramaturgia televisiva, a partir do final dos anos 60.

Tarcísio e Glória ficaram juntos a vida inteira. Algo que não aconteceu com Carlos Alberto e Yoná, separados em 1971. Yoná continuou atuante na TV até a morte, em 2015. Carlos Alberto foi aos poucos desaparecendo das telas.

Lembro como se fosse ontem a transmissão do último capítulo da novela “A Ponte dos Suspiros”, em 15 de novembro de 1969. Em uma Veneza cenográfica, Carlos Alberto, o Rolando, duelava com o vilão Jardel Filho, o Capitão Altieri, justamente em cima da famosa ponte. Rolando venceu o confronto, ao transpassar o peito do inimigo com sua magnífica espada de prata.

Não poderia imaginar que 16 anos após o fim de “A Ponte dos Suspiros” eu teria a oportunidade de entrevistar, como repórter de “O Fluminense”, o próprio Carlos Alberto.

Não como ator consagrado. Mas na condição de candidato a prefeito de Maricá. Sim, o antigo astro vivia na cidade vizinha a Niterói. Trabalhava como chefe da agência municipal da Secretaria Estadual da Fazenda. No lazer, era carnavalesco da Escola de Samba Unidos do Cantinho, fundada por ele próprio.

Na entrevista, o então ex-ator contou que não pensava em voltar às grandes cidades. Vivia em Maricá havia já 11 anos, inicialmente com a cantora Maysa, com quem se casara na primeira metade dos anos 70. Tampouco queria voltar às novelas.

“O trabalho em TV é triturante. Tive um processo de saturação e não me sinto nem um pouco atraído pelas novelas, que considero uma espécie de ópio dentro do quadro de lavagem cerebral de massa que é a televisão que se faz aqui. A popularidade da época dos trabalhos televisivos era uma coisa que me agredia”, disse-me na entrevista, publicada em 28 de janeiro de 1985 na capa do Encontro, caderno cultural de “O Fluminense”.

Carlos Alberto disputou a Prefeitura de Maricá pelo PDT. “Vamos ver no que isso vai dar”, falou ele, meio descrente na possibilidade de vir a administrar o município. A candidatura fracassou. Ele não foi eleito.

Carlos Alberto morreu no Rio aos 81 anos, em 2007. Gaúcho do interior, levou uma vida interessante. Formou-se em geologia, era doutor em literatura e chegou a ser 2º tenente do Exército dos EUA, onde morou no Estado do Michigan.

Politizado, Carlos Alberto era. “O período 64-84 foi, sem dúvida, a página mais negra da história brasileira. A esmagadora maioria de nossos dirigentes deve passar por uma reforma moral muito severa”, sentenciou.

Sorte dele não ter conhecido os políticos da atualidade.

 

 

 

 

 

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