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Luiz Cláudio Latgé

Jornalista, documentarista, cronista, atuou na TV Globo por 30 anos, como repórter, editor, diretor. Consultor em estratégia de comunicação, mora em Niterói e costuma ser visto no Mercado de São Pedro.
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O fim do mundo, em Niterói

Ressaca na Praia de Icaraí, em 2011. Foto- Reprodução
Ressaca na praia de Icaraí. Problema vai ficar mais frequente. Foto: arquivo

Não sei por quê, mas sempre que a gente imagina o fim do mundo pensa em um lugar distante. Um cataclisma em outras terras, um calor insuportável que queima árvores e racha o chão,  ondas gigantes que cobrem a terra. Deve ser influência do cinema americano, que povoa o imaginário da gente, e sempre encontra um herói para salvar o planeta.  O problema é imaginar que Daniel Craig apareceria por aqui. A Prefeitura teria postado alguma coisa. Então, tudo parece distante. O mundo deve acabar mesmo em Los Angeles, Nova York ou Tóquio.

Mas estes dias que os termômetros marcaram 41 graus sem respeito ao final do inverno e início da primavera trouxeram o problema bem para perto de nós. Não foi só a sensação de falta de ar e de que não há sobra possível para conter o bafo do aquecimento global. Também apareceram estudos que mostram o impacto da aumento das marés sobre a cidade. Outro problema do imaginário construído pelo cinema americano. Você nunca verá um cientista debruçado sobre mapas de Niterói dando um alerta global. Mas um estudo da UFF botou a cidade no mapa da destruição global, como a repórter Sônia Apolinário mostrou no A Seguir.

Vai começar por Piratininga. Na verdade, a definição não é tão específica. O mar vai subir, em consequência do aquecimento global, e isso representa uma ameaça para 1/4 do território do município. São as Terras Baixas. O imenso litoral da cidade, nosso maior patrimônio: praia, paisagem e royalties do petróleo.  Mas Piratininga está na mira por causa do aumento das marés que costuma derrubar o calçamento. Assim como Camboinhas, que já tem “barreiras” de contenção para enfrentar as ressacas.

Praia de Camboinhas, barragem de contenção. Foto: aquivo, 15 de agosto de 2023

Os avisos aparecem, a gente é que teima em não querer ver, como se não fosse acontecer nunca. Na conta da UFF, o cenário otimista bota parte de Niterói debaixo d’água até 2.100.  Não é tanto tempo assim.

Mas para onde podemos correr? Para o Parque da Cidade, para a Serra da Tiririca…? Por sorte ainda temos as montanhas e as reservas de floresta. Difícil vai ser sair de Piratininga. Já não é fácil nos dias de praia e  em alguns dias da semana, com até duas horas de engarrafamento… Imagine o trânsito no fim do mundo. Nem a rotatória que está sendo construída na entrada de Camboinhas vai resolver.

Diante de tudo isto, a melhor solução será trabalhar para conter o aquecimento global. É claro que nossas ações não serão suficientes para salvar o planeta. O mundo precisa se unir. Mas dá para começar a pensar a sério em reduzir emissões, cuidar do consumo consciente, evitar a poluição… Afinal, ninguém vai querer ficar engarrafado em Piratininga.

 

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