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Luiz Cláudio Latgé

Jornalista, documentarista, cronista, atuou na TV Globo por 30 anos, como repórter, editor, diretor. Consultor em estratégia de comunicação, mora em Niterói e costuma ser visto no Mercado de São Pedro.
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O ano da vacina – e depois

vacina_2133 (2) FOTO BERG SILVA
Uma retrospectiva de 2021 começa pela vacina, e não acaba com a virada do calendário, dia 31 de dezembro. A ameaça da Ômicron e a possibilidade de novas variáveis faz com que os cuidados com a Covid continuem a pautar nossas vidas. Mesmo com os riscos, se podemos sair às ruas novamente é só porque este ano de 2021 será lembrado como o ano da vacina –  um dos maiores feitos da humanidade, o trabalho da ciência para conter uma pandemia que matou mais de 600 mil pessoas no Brasil.
A descoberta da vacina foi a melhor notícia depois de um ano de pandemia. Entramos em 2021 confiantes. Mas a desastrosa gestão do Ministério da Saúde e do Governo Federal nos roubou praticamente todo o ano. Se comunidade científica nos ofereceu em prazo recorde a resposta de pelo menos cinco vacinas de comprovada eficiência, o Brasil conseguiu boicotar todo este esforço com a gestão do Presidente Jair Bolsonaro e do general Eduardo Pazuello, tornado símbolo de incompetência na vida nacional – e, segundo a CPI, também de ação criminosa. Os atrasos e trapalhadas na distribuição da vacina, a insistência em medicamentos sem efeito, como a cloroquina,  e o boicote ao trabalho da Fiocruz e do Butantan traíram a esperança e nos deixaram vulneráveis ao avanço do coronavírus, e a variante Delta produziu uma tragédia ainda maior do que assistimos em 2020.
Em Niterói por exemplo, foram registrados 58.198 casos de Covid desde o início da pandemia: 1.178 pessoas morreram no primeiro ano; 1.395, em 2021. Perdemos pessoas queridas, como o ator Paulo Gustavo. E atravessamos o ano amedrontados.  As atividades reduzidas e negócios fechados  não permitiram que 2021 se descolasse de 2020, foi uma continuação, o segundo ano da pandemia.
A boa notícia, ao longo do ano, foi o avanço da campanha de vacinação – e a adesão do morador de Niterói à imunização, sem espaço ao negacionismo de Brasília. Em pouco mais de seis meses, Niterói atingiu uma cobertura de  97,3% da população adulta e avançou para a vacinação de crianças e adolescentes. Em outubro, os números de casos, internações e mortes começaram a cair de forma decisiva. Na virada do ano, havia 8 pessoas internadas com Covid na rede pública da cidade, apenas uma em UTI.
A cidade voltou a funcionar, ainda com as restrições do Novo Normal, exigência de máscaras e manutenção de protocolos sanitários, que resultaram no cancelamento das  festas de réveillon. Mas as pessoas retomaram as suas atividades, o comércio voltou a operar, bares, restaurantes, atividades culturais. O movimento nos fins de semana em São Francisco e, especialmente, no Campo de São Bento, com o inédito palco sobre o Lago e uma agenda variada de espetáculos, deu mostras da recuperação da cidade.
Niterói entra em 2022 com confiança. Apesar dos riscos da Ômicron, que já esgota os estoques de testes de Covid nas farmácias, a cidade está preparada para enfrentar os desafios que terá pela frente, na Saúde e no agravamento das questões sociais. O sistema de Saúde de Niterói se mostrou eficiente, a Prefeitura soube se aconselhar com o Comitê Científico e a população agiu com responsabilidade na vacinação e respeito às normas sanitárias.
Além disso, o Município terá este ano talvez o maior orçamento de sua história, R$ 4,3 bilhões, uma receita engordada pelos royalties do petróleo, que garante recursos para saúde, educação e infraestrutura, mas reserva também uma soma considerável para investimentos, capaz de promover obras na cidade e acelerar a recuperação da economia, apesar da crise nacional.
Cabe ao morador da cidade, cobrar as ações prometidas e manter a sua ação solidária no enfrentamento da pandemia. Por garantia, vale amarrar no pulso a fitinha que o A Seguir: Niterói distribuiu pela cidade na virada do ano, com votos de “Boas notícias em 2022.”

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