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Sergio Torres

Sergio Torres trabalhou nos três maiores jornais do país ao longo de 35 anos. Mas se interessa mesmo é pelas notícias locais de Niterói, onde nasceu e sempre viveu. 
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Niterói não andou bem, mas daqui não saio

Censo 8 Vista do Mac
A Praia de Icaraí, beleza que parece mais limpa, apesar do lixo flutuante. Foto Gustavo Stephan

Foi uma surpresa. A queda no número de moradores em Niterói em relação ao registrado no Censo 2010 não estava no radar de uma cidade que se orgulha de ter boa qualidade de vida. Eu esperava até que houvesse aumento expressivo da população, pois as ruas estão sempre extremamente movimentadas, de gente e de carros (principalmente). Mas não falo só do trânsito, caótico há décadas.

Na minha percepção, Niterói mudou pouco desde 2010. Talvez as praias da Baía de Guanabara estejam mais limpas. Pelo menos parecem estar. E isso é uma boa notícia. O mar costuma estar bem mais claro em Icaraí do que há 13 anos, embora ondas de lixo flutuante às vezes assustem quem passa pela orla.

Urbanisticamente, o que mais se destacou no período foi a construção do túnel Charitas-Cafubá. Obra importante, com um senão: as mudanças viárias na Região Oceânica não me convencem. O trânsito continua caótico.
Aquelas pistas seletivas com ônibus que passam muito de vez em quando são lamentáveis. Gastaram-se milhões de reais em uma obra demorada que parece ter piorado o trânsito em vez de resolver questões sérias ali. Sobraram de cada lado duas pistas apertadas e engarrafadas para o trânsito pesado, enquanto as seletivas, no meio, de tão pouco usadas costumam servir para treinos de corrida e de bicicleta.

A derrocada do transporte marítimo na Baía de Guanabara se confirmou no período. Os serviços prestados pelas barcas para Niterói são precários e desrespeitosos com os passageiros. Especialmente a falta de ar refrigerado nas embarcações mais antigas. E nas mais novas o aparelho costuma permanecer desligado nas travessias. A escala de horários e o preço dos catamarãs Charitas-Praça 15 demonstram-se inviáveis para o uso diário da embarcação. Talvez a linha já tenha deixado de existir quando o IBGE realizar o novo Censo (em 2030, presume-se).

Cultura, há ofertas, mas a maioria dependente da chancela e do patrocínio da Prefeitura. A Reserva Cultural é uma novidade importante na cultura niteroiense desde o último Censo. Pena não ter havido a adesão popular esperada. O complexo de cinemas, teatros e restaurantes está sempre vazio. A livraria precisou se transferir de lá para Icaraí esta semana. Uma pena.

Niterói tem menos moradores hoje que há 13 anos, segundo o Censo. Mas no que de fato melhorou para atrair mais gente, além de ter um dos IPTUs mais caros de que se tem notícia por estas bandas? Ainda assim, daqui não saio. Se depender de mim, o próximo Censo não terá redução de habitantes.

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