O noticiário sobre as emergências climáticas às vezes parece que está distante de nós. Que basta nos abrigar do calor e do frio e da chuva que estaremos protegidos. É claro que vemos o Rio Grande do Sul inundado, os rio secos na Amazônia e as queimadas no Centroeste. Mas ainda assim o assunto não costuma aparecer entre as nossas maiores preocupações.
Mas é bom prestar a atenção. Esta semana trouxe novos alertas. Estamos ficando cercados pelo fogo e pelo avanço do mar, encurralados entre o mar e a montanha, que nos acostumamos a apreciar.
Na semana em que metade do país ficou debaixo de cinzas, com Brasília e São Paulo cobertos de fuligem, com as queimadas destruindo fazendas e florestas, coube ao prefeito Axel Grael mostrar como o problema está perto de nós. Ambientalista, ele registrou durante um voo de helicóptero pelo interior do estado e pela Baixada a degradação de terras que já foram exuberantes, e hoje apresentam erosão e riscos enormes de incêndio. Destacou, especialmente, os problemas na bacia hidrográfica do Rio São João. O fogo que ameaça cidades como Silva Jardim está bem perto de nós.
O outro aviso importante foi dado pela ONU. O avanço do mar põe em risco boa parte das terras banhadas pelo Pacífico. Mas os efeitos do aumento das marés, diante do aquecimento global, também chegam bem perto de nós. A ONU cita o Rio de Janeiro como uma das cidades mais vulneráveis do litoral brasileiro. Niterói não fica longe do problema. Literalmente, estamos do lado do problema. E não se trata de uma questão restrita a simulações feitas por especialistas. Na última ressaca, perdemos mais um pedaço da praia da Boa Viagem. As paredes de contenção já fazem parte da paisagem da cidade, na Boa Viagem, em Piratininga, em Camboinhas e Itacoatiara.
Seria oportuno discutir o assunto, enquanto temos oportunidade de fazer alguma coisa. Não temos mais a desculpa de ser surpreendidos pelos riscos climáticos.