26 de dezembro

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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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 “Não consigo me desligar nunca do trabalho e a mente está exausta”

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Os números de afastamentos por problemas psicológicos triplicaram após a pandemia.

Essa frase, cheia de dor, cheia de significado, tem sido muito verbalizada nos dias atuais. Muitas pessoas ao terminarem suas atividades laborativas, seguem para o lar, para o fim de semana, e carregam todos os problemas vividos durante o dia, durante a semana. Impossível se desligar.

A desconexão, tão necessária para oxigenar a mente nos momentos de descanso, parece uma ilusão. Uma dinâmica frequente e dolorosa que reacende a discussão sobre saúde mental.

Muitas são as histórias de profissionais que se encontram em um elevado risco de adoecimento mental e que, por falta de aceitação do problema ou de um acolhimento prévio, acabam se afastando de suas atividades, em meio a um sofrimento psíquico, que estimula doenças físicas e mentais.

Pesquisas recentes mostram que a dor e o vazio emocional oriundos do excesso de preocupação com questões rotineiras de trabalho, que levam a não conseguir separar vida pessoal e vida profissional, ativam gatilhos propícios à transtornos e neuroses, como a depressão, ansiedade generalizada, Burnout, exaustão mental, entre outros.

Situação crítica que representa um risco dentre diversas profissões, entre elas: professores, bancários, profissionais da saúde, profissionais de marketing, garçons, seguranças, policiais e muitas outras.

Ou seja, não importa a profissão exercida, a falta de qualidade de vida, a negligencia dos limites pessoais, o abuso do tempo diário de trabalho, a exposição a situações de estresse traumático e os excessos, são alguns dos fatores determinantes para o surgimento do adoecimento mental.

Os números de afastamentos por problemas psicológicos triplicaram após a pandemia, apesar da elevação nas buscas por tratamentos psicoterápicos.

Porém, temos ciência que, implantar práticas de acolhimento mental faz parte de um trabalho de formiguinha com diversas ações a serem desenvolvidas para equilibrar o ambiente organizacional e fazer com que os colaboradores se sintam livres e seguros para admitir que algo não anda bem.

Para verbalizar que existe um desequilíbrio. E mais que isso, é preciso que as empresas e os gestores tenham sensibilidade para reconhecer a importância dessa abordagem de forma prévia no sentido de evitar maiores prejuízos ao seu corpo de colaboradores.

A fragilidade humana exige um olhar mais atento e uma escuta mais aguçada. Pois, quanto mais feliz e equilibrado emocionalmente o indivíduo estiver, maior a possibilidade de estabelecer relações saudáveis consigo e com os outros.

A saída é a adoção de programas específicos, como: apoio psicológico, palestras informativas, estímulo a práticas de atividades físicas, concessão de folgas eventuais, possibilidade de redução da carga horária, dinâmicas quinzenais para auxiliar na integração do indivíduo bem como na melhoria da qualidade do ambiente corporativo. Ações conjuntas para banir episódios de ansiedade, depressão, Burnout, pânico, entre outras dores emocionais que geram o adoecimento do grupo e indivíduo em si.

Enfim, uma coisa é certa: não somos máquinas. Somos seres humanos e precisamos externar e gerenciar os nossos sentimentos. Uma comunicação livre de julgamentos e preconceitos é a base para a construção de relações sólidas, leves e salutares.

Além disso, é preciso possibilitar a interação e instigar sensações de leveza e descanso ao trabalhador, não importa a profissão. Visto que, a valorização do equilíbrio físico e mental é uma urgência nas instituições.

 

Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista

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