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Luiz Cláudio Latgé

Jornalista, documentarista, cronista, atuou na TV Globo por 30 anos, como repórter, editor, diretor. Consultor em estratégia de comunicação, mora em Niterói e costuma ser visto no Mercado de São Pedro.
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Meu mundo caiu

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Festa de Natal de Niterói termina antes da hora com um monte de ferro retorcido e investigação criminal

A árvore da Natal de Niterói desabou. Desmanchou-se do alto de seus 50 metros, para exibir-se numa pilha de ferro retorcido, sem as luzes que encantam a cidade, nos últimos anos.

Poucas atrações de Niterói – e quem vive em Niterói sabe que as atrações não são muitas – foram tão bem recebidas pela cidade quanto a decoração de Natal. A cidade que se acostumou a atravessar a Baía da Guanabara para ver a árvore da Lagoa, de repente tinha no seu caminho uma árvore para chamar de sua, quando a outra afundava na crise do Rio e perdia seus patrocínios. Yes, temos uma árvore. Quer dizer, tínhamos.

Nos últimos anos, Niterói viveu uma verdadeira romaria para visitar a árvore montada na praia de São Francisco. O calçadão tomado de famílias. Uma festa do interior, com brinquedos, música,  comidas, balões coloridos… até maçã do amor apareceu por ali. Uma atração que orgulhava a cidade,  tanto quanto o Parque da Cidade, a Fortaleza de Santa Cruz e o MAC.

E de repente a árvore desmorona… Não tem mais árvore de Natal. Ainda ficam a decoração da cidade, os enfeites do Campo de São Bento, que sempre atraem muita ente, como tudo que acontece no Campo de São Bento. Mas a árvore com as 15 mil lâmpadas coloridas não tem mais.  Por sorte foi de madrugada, por sorte a árvore não havia sido inaugurada ainda e não havia gente por perto, ninguém se machucou. Só orgulho ferido. A auto-estima jogada no chão, como ferro-velho.

Machuca ainda mais porque não foi um fato isolado. A festa dos 450 anos da cidade, o grande evento do ano, acabou da mesma forma: o palco montado na praia de Icaraí desmantelado na areia, minutos antes do show da cantora Marisa Monte. A Prefeitura  atribuiu o acidente ao vento (que não causou nenhum outro dano, não arrancou sequer uma palha dos quiosques da praia) e um mês depois ainda não tinha apresentado uma investigação técnica mais detalhada.  Nenhuma providência foi tomada para melhorar a fiscalização das obras e da montagem de estruturas de shows, e a mesma empresa do palco de Icaraí responde, agora, também, pela queda da árvore.

Cai também a imagem de uma cidade bem resolvida.

O ano que Niterói pretendia festejar os 450 anos e o seu orgulho de ser uma cidade com qualidade de vida termina com uma investigação criminal, em que a Prefeitura abre mão do seu poder de contratar e fiscalizar obras e pede à 79 DP uma investigação sobre o desabamento.

Que crime a Prefeitura acredita que ocorreu em São Francisco? A Polícia não vai mais contratar  a empresa para montar os shows da cidade, como o do Réveillon?

 

 

 

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