Niterói por niterói

Pesquisar
Close this search box.

Sergio Torres

Sergio Torres trabalhou nos três maiores jornais do país ao longo de 35 anos. Mas se interessa mesmo é pelas notícias locais de Niterói, onde nasceu e sempre viveu. 
Publicado

Lotes submersos vendidos em Piratininga

Nova placa com informações dos jacarés do Parque Orla Piratininga
Obras tentam recuperar parte da orla da Lagoa de Piratininga

Os planos de recuperação das lagoas de Niterói são antigos, de quatro décadas pelo menos. Por qual razão fracassaram, tenho minhas suspeitas, mas prefiro não as revelar assim em público. Pode parecer falta de educação (e de juízo).

Torço para que os atuais planejamentos da Prefeitura de revitalização das lagoas de Itaipu e Piratininga deem certo. Como repórter de “O Fluminense” na década de 80 do século passado, acompanhei a questão muito de perto.

Recordo-me de matéria que apurei e escrevi sobre a venda de lotes na Lagoa de Piratininga. Terrenos dentro d’água. Os empreendedores imobiliários apostavam que a lagoa secaria e venderam os lotes. Teve muito otário que comprou. Apesar de superdegradada, a lagoa não secou (ainda).

Voltei ao assunto quando era repórter da “Folha de S. Paulo”, nos anos 90. Para um jornal de alcance nacional, era interessante revelar, ainda mais na Região Metropolitana do Rio, a existência de uma lagoa belíssima em que lotes subaquáticos tinham sido vendidos às centenas.

A foto da nossa lagoa saiu na capa do jornal paulistano. A reportagem foi publicada com destaque. Durante a apuração, presenciei a ocupação desordenada das margens da Lagoa de Piratininga por casebres junto à estrada que leva à praia. A água vinha quase até o asfalto.

Os imóveis eram erguidos às pressas, sem qualquer tipo de planejamento urbano. O local hoje é compartilhado por prédios e casas pobres, remediadas e de bom nível, bares, comércio variado e até um restaurante bem frequentado. Quem construiu ali naquela época  ficou. Sem licença ambiental, imagino. As margens dos sistemas lagunares são protegidas por lei. Lei que ninguém cumpriu no caso da Lagoa de Piratininga.

Após a devastação cometida quando da abertura do canal com a praia de Itaipu e o crescimento do bairro de Camboinhas a partir da década de 70, a Lagoa de Itaipu parece ter se estabilizado, apesar dos empreendimentos que tentam, por via política, viabilizar a construção de condomínios em parte de seu contorno.

Até agora essas iniciativas não evoluíram, mas todo cuidado é pouco. Esse pessoal devastador da natureza não desiste fácil. Nunca desistiu. Não vai ser agora.

Considero ideal manter as margens e dimensões atuais e impedir que a construção desenfreada que tanto afetou a vizinha Piratininga volte a ocorrer no sistema lagunar de Niterói.

Apesar da destruição de décadas, as lagoas resistem. Basta ver a fauna que ressurge, até com jacarés, que vêm sendo filmados e fotografados nos últimos meses por ali.

 

 

 

COMPARTILHE