Niterói por niterói

Pesquisar
Close this search box.

Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
Publicado

Interferências positivas da rotina na vida das crianças

A criança precisa de uma rotina que transmita segurança,
A criança precisa de uma rotina que transmita segurança.

Rotina na vida dos adultos é a coisa mais comum. Já no universo infantil, a rotina apresenta aspectos bastante positivos. No entanto, para os pais que acreditam que o filho precisa ter tudo o que eles não tiveram, melhor rever o conceito.

As crianças precisam de alguém que os ensine a não maltratar os animais, não contribuir para o crescimento do preconceito, a devolver o brinquedo do amiguinho que pegou num momento de inveja, dentre outras regras de conduta que, quando não apontadas contribuem para a formação da personalidade psicótica/perversa.

Precisam de pais presentes e também de rotina: saber onde dormem, o horário das refeições, saber que alguém irá buscá-los após a escola, que em função da separação dos pais, a semana ele passará com a mamãe e o final de semana com papai (não necessariamente nessa ordem) e será amado em ambos os contextos. Ou seja, um planejamento normal da vida.

É muito importante que os pais ou responsáveis compreendam que mais do que luxos e dar tudo à mão para a criança, é preciso ensinar a ser organizado e disciplinado. Ou seja, menciono apenas o necessário para a sobrevivência e formação do caráter, o restante são vantagens que podem ser agregadas com moderação, caso caibam no orçamento familiar.

A educação infantil e a disciplina da criança devem estar cercadas por essa presença dos pais em detrimento aos bens materiais e a ausência de carinho, de olhar e escuta.

Fato é que, a criança vai à praia de fusca e come pão com mortadela feliz da vida. Já o adulto, frequentemente fantasia o que agrada a criança e se estressa mantendo vários empregos para bancar isso, cobrindo os seus desejos pessoais e não os da criança que, muitas vezes, só está pedindo rotina e atenção.

A criança precisa de uma rotina que transmita segurança, que faça com que ela se sinta amada e desejada e isso, ela pode ter morando num casebre ou num castelo.

Infelizmente, existe uma ilusão na qual, aos olhos de alguns, criança feliz é criança que tem de tudo, aos olhos de estudiosos do comportamento, criança feliz é criança que tem o necessário (amor, carinho, apoio, segurança) e que possui pais que saibam frustrar em algum momento, afinal a vida frustra.

E são essas frustrações que ensinam a conviver, relacionar-se e vencer seus próprios desafios.

Nossa bagagem cultural aprendida, pode contribuir de forma muito positiva na construção do adulto saudável e equilibrado. Por exemplo: sabe por que apreciamos um pão francês com manteiga e uma xícara de café pela manhã?

Rotina compartilhada na mesa de refeições com a família. Sabe por que ainda insistimos em comer um bolo no dia de nosso aniversário? Rotina que lembra a infância, as festinhas que mamãe fazia, onde ela mesma preparava e recheava o bolo com leite condensado cozido na pressão.

Sabe por que cumprimentamos as pessoas? Rotina observada quando saíamos as ruas com nossos pais e avós. Tudo rotina!

Enfim, hábitos e valores que nos foram transmitidos, os quais levamos pela vida e vamos multiplicando através das gerações, com o intuito de ter nossos queridos e pais sempre por perto presencialmente ou na memória.

Ou seja, não precisamos reproduzir o que é ruim, se temos convicção que algo nos afetou e marcou nossa vida, vamos evitar levar adiante e comprometer a relação com nossos filhos, amigos e cônjuges.

Ao fazermos uma releitura sem pressa de nossa infância, veremos que somos o que somos, porque tivemos base e chão firme sob nossos pés e não porque nos foi oferecido games e roupas de grife.

Talvez tivemos acesso ao básico, mas não nos faltou o essencial: carinho, amor, disciplina e, principalmente, ROTINA. Então, que sejamos os mestres desse aprendizado para nossos filhos e que estes possam se desenvolver de forma saudável, equilibrada e disciplinada.

Dra. Andréa Ladislau  /  Psicanalista

COMPARTILHE