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Silvia Fonseca

Silvia Fonseca é jornalista e trabalhou por 30 anos no jornal O GLOBO, onde foi Editora Executiva. Tem pós em Gestão de Redação, tem uma consultoria em soluções de mídia e é sócia fundadora do A Seguir: Niterói. Nasceu em Minas, mas mora em Niterói há 32 anos.
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Ignorar a ciência tira vidas

Chuva Petrópolis 15.02
Chuva forte deixa Petrópolis em estado de calamidade. Foto: Reprodução/TV Globo

Com a água baixando, 24 horas depois da chuva, há corpos espalhados pelas ruas de Petrópolis, além dos mortos e desaparecidos ainda soterrados pela lama. Inundações e desabamentos na cidade serrana não são novidade. A novidade é que a ciência avança a cada dia e poderia ajudar a prevenir, também, tragédias como esta a que assistimos horrorizados agora.

Não dá para dizer que não era possível prever. Na véspera dos temporais que mataram dezenas de pessoas (na hora em que escrevo são 58 mortes confirmadas), a Defesa Civil do Rio de Janeiro recebeu alerta de possibilidade de “chuvas isoladas ao longo do dia, podendo deflagrar deslizamentos pontuais, especialmente nas regiões de serra e/ou densamente urbanizadas” na Região Serrana do estado. O aviso foi do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais. Segundo especialistas, o alerta deveria ter levado à retirada de moradores de áreas de risco em Petrópolis. Pelo menos isso.

Choveu muito na terça-feira à noite, mais do que era esperado para todo o mês. Mas não é só a chuva forte que acabou com a vida de tantas famílias. Também o descaso na fiscalização e no controle. Em 2011 um temporal matou mais de 900 pessoas na Região Serrana. De lá para cá, moradias em áreas de risco não só continuam desafiando as leis da gravidade e de São Pedro como se espalharam por toda a cidade de Petrópolis.

O governador Roberto Silveira com o filho Jorge, em 1961. Foto de Carlos Ruas. Foto: Reprodução/Redes Sociais

O jornalista Vinicius Martins publicou em sua rede social hoje esta foto (acima) do governador Roberto Silveira com o filho Jorge, que viria a ser Prefeito de Niterói. Ele relembra outra tragédia, quando, há 61 anos, no dia 20 de fevereiro de 1961, o governador entrou num helicóptero para sobrevoar as áreas afetadas pelas chuvas no estado. “A aeronave se chocou contra uma árvore e caiu em chamas na área externa do Palácio Rio Negro, em Petrópolis, cidade onde o governador estava com a família”, lembra o jornalista. Assessores morreram na hora. Roberto Silveira morreu dias depois. Uma tragédia junto a outra.

Sessenta anos depois, Petrópolis continua enterrando seus mortos em meio a uma enxurrada de dramas que parece não ter fim. Mas dava para prever. Dava para evitar pelo menos muitas dessas mortes todas. A ciência taí para isso, para prevenir e salvar vidas.

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