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Sergio Torres

Sergio Torres trabalhou nos três maiores jornais do país ao longo de 35 anos. Mas se interessa mesmo é pelas notícias locais de Niterói, onde nasceu e sempre viveu. 
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Histórias de Mário Dias

mariodias
O jornalista Mário Dias: seu bom humor deixou saudades nos amigos, presentes na inauguração da nova rua de Icaraí

Mário Dias virou nome de rua. Uma rua nova, curtinha, entre a Castilho Franca, a Mem de Sá e a Miguel de Frias. Homenagem merecida. O jornalista Mário era um cara divertido, cheio de histórias para contar, bom amigo.

O descerramento da placa, no domingo passado, reuniu um pessoal que se conheceu nas redações e que há muito tempo não se via. Cada um tinha uma história sobre o pranteado Mário Dias.

Multicomentarista da GloboNews, Octávio Guedes, que posou para fotos, distribuiu beijinhos e assinou autógrafos na solenidade, lembrou que em toda reportagem escrita pelo Mário um animal marcava presença.

Mário apostava todo dia no jogo do bicho. Ao colocar um animal na matéria, acreditava que algum apostador encontraria inspiração para a fezinha.

“Era mais ou menos assim: ‘Crivado de balas, o cadáver estava no chão quando um cavalo passou ao lado’”, relembrou o consagrado comentarista televisivo.

Eu, Octávio e Mário trabalhamos juntos na Redação de “O Fluminense” por volta de 1986 ou 1987. Mas havia conhecido Mário anos antes. Ele era já um veterano repórter da sucursal niteroiense de “O Dia”.

Houve um caso bárbaro de assalto e estupro na rodovia Amaral Peixoto, antigo acesso à Região dos Lagos. De madrugada, um grupo de bandidos anunciou o assalto dentro de um ônibus que seguia para o Norte Fluminense.

Como não tínhamos ido ao local, telefonei para o “Dia”. Fui informado que Mário era o responsável pela cobertura do caso. Pedi para falar com ele, que me atendeu com a habitual gentileza.

Mário era minucioso na apuração. Me passou até o número da carroceria do ônibus, os nomes completos e as identidades dos passageiros.

O relato que ele fez não me deixou dúvidas. Mário era um dos criminosos. Só um deles teria detalhes tão escabrosos do ataque aos passageiros.

Ele sabia detalhes, repetia frases, relembrava diálogos e ameaças dirigidas pelos bandidos aos infelizes viajantes. Chegou a revelar que era virgem uma das mulheres atacadas sexualmente e descreveu minuciosamente o chefe da quadrilha. O homem não tinha cabelo no peito.

A partir da apuração completa do amigo, escrevi minha modesta reportagem, publicada com algum destaque na edição de “O Fluminense” do dia seguinte ao crime.

 

 

 

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