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Silvia Fonseca

Silvia Fonseca é jornalista e trabalhou por 30 anos no jornal O GLOBO, onde foi Editora Executiva. Tem pós em Gestão de Redação, tem uma consultoria em soluções de mídia e é sócia fundadora do A Seguir: Niterói. Nasceu em Minas, mas mora em Niterói há 32 anos.
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Giovanna Ewbank e a ‘Carta às Brasileiras e aos Brasileiros’

Giovanna Ewbank e os filhos: alvos de racismo numa praia de Portugal. Foto reprodução @gioewbank
Giovanna Ewbank e os filhos: alvos de ataque racista em Portugal. Foto reprodução @gioewbank

Contra o golpe  já dado no país, com retrocesso generalizado na defesa da vida, só ódio e nojo. Mas é preciso coragem para mais do que odiar e se enojar com ataques ao Estado Democrático de Direito e à dignidade humana. Necessário reagir. A atriz Giovanna Ewbank agiu como uma leoa aos ataques racistas contra seus filhos Titi e Bless em Portugal, enfrentou, chamou de nojenta e conseguiu levar a agressora racista à prisão. O Brasil demorou muito,  mas começa a reagir às ameaças golpistas à Constituição com a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros, que será lida no pátio da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo.

Para além de exigirem reação, o racismo e os ataques à democracia têm  semelhanças profundas e históricas. O racista e o antidemocrático desrespeitam direitos fundamentais do homem. Ofendem a dignidade humana. Humilham, torturam, praticam e defendem crimes hediondos. É, portanto, um alento escutar os xingamentos de Giovanna em reação à agressora racista. Assim como deverá ser uma respirada de esperança ouvir brasileiras e brasileiros lendo juntos a carta em defesa da democracia em meio a ameaças cada vez mais criminosas ao Estado de Direito no Brasil.

A Carta de 2022 é inspirada no movimento que resultou na “Carta aos Brasileiros” de 1977, um manifesto de juristas contra a ditadura militar (1964-1985), lida no mesmo pátio da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 8 de agosto. A Carta pela democracia de agora já tem mais de 600 mil assinaturas, está tirando o sono dos golpistas de plantão e será lida no próximo dia 11 de agosto.

Os dois episódios, a reação da atriz ao racismo e o manifesto contra o golpe à Constituição, lembram a famosa frase de Ulysses Guimarães, então presidente da Assembleia Nacional Constituinte, em 5 de outubro de 1988: “Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo!”

Na solenidade de promulgação da Constituição, que substituiria a legislação da ditadura militar, o então deputado federal fez o discurso histórico, que não custa lembrar o trecho que mais gosto aqui em defesa da Constituição:

“Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.

Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério.

Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios promulgamos o Estatuto do Homem da Liberdade e da Democracia, bradamos por imposição de sua honra.

Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”.

Leia a íntegra da Carta 

 

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