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Luiz Cláudio Latgé

Jornalista, documentarista, cronista, atuou na TV Globo por 30 anos, como repórter, editor, diretor. Consultor em estratégia de comunicação, mora em Niterói e costuma ser visto no Mercado de São Pedro.
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Estou me guardando para quando o carnaval passar

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Covid impõe escolhas e teremos que decidir como vamos tocar a vida daqui para a frente

Carnaval e Covid. Estávamos neste ponto quando o mundo parou em 2020. E tivemos de nos confrontar com a doença, sem os remédios que nos garantiam uma vida segura, desde a descoberta da penicilina e todos os antibióticos. Nos vimos fragilizados, diante de hospitais lotados e amigos mortos. Agora, não. A vacina mostrou que funciona. E já surge uma nova geração de medicamentos para enfrentar a doença. O mundo volta a respirar sem aparelhos e muitas cidades já começam a retomar a vida normal, sem máscaras ou isolamento. Por aqui, a Ômicron começa a declinar. As taxas de contágio ainda são altas, maiores em algumas regiões do que em outras. Diante disto, estou me guardando para quando o carnaval passar.

O epidemiologista Rômulo Paes, da Fiocruz, disse em algum momento da pandemia que a questão que se impunha diante do risco da Covid era o que fazer e para quê. Falava sobre atividades essenciais, como o trabalho, que hoje volta a ser presencial, e outras que poderiam ser evitadas, como encontros em bares. A dimensão da Saúde Pública. Mas também das escolhas pessoais. Em que situações vamos nos expor ao risco? Fazer escolhas faz parte da essência de nossas vidas. Nunca foi diferente com a Covid, e não será daqui para frente, com tudo o que já sabemos sobre a doença, seus riscos e mecanismos de proteção.

A escolha pessoal é sensível, porque a vida não se apresenta da mesma forma para todos. Há pessoas em grupos de risco, idosos e com comorbidades, que mesmo com a doença tornada endêmica deverão se preocupar com ela, como já se preocupam com a Influenza e outras doenças. Haverá aqueles que poderão ajustar a rotina de trabalho ao novo cenário, mas muitos estarão sujeitos a sair às ruas, enfrentar o transporte público e se expor ao contato. Alguns grupos contam com maior assistência, outros não têm suporte familiar ou social. Não haverá uma fórmula de encarar a vida que sirva para todos. Mas sempre caberá perguntar o que fazemos e para quê? A coerência de nossas ações.

Não teremos carnaval este ano. Como já não tivemos no ano passado. Mas o movimento nas estradas e região serrana indica que a vida começa a retomar seu curso. Neste sábado (26), abertura do carnaval, o Brasil ainda tem 95 mil novos casos da Ômicron e quase 800 mortos. A aglomeração, neste momento ainda é um risco. O uso de máscaras, a maior proteção. Não sei você, como está tocando a vida. Eu, por aqui, estou me aguardando para quando o carnaval passar. Na expectativa de que, com responsabilidade e solidariedade, e as datas anotadas na agenda para cada vacina de reforço, possamos ter apreendido alguma coisa depois de dois anos de Covid, para, então, retomar a vida normal.

Para que a gente possa voltar a dizer, deixa a vida me levar, vida leva eu…

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