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Silvia Fonseca

Silvia Fonseca é jornalista e trabalhou por 30 anos no jornal O GLOBO, onde foi Editora Executiva. Tem pós em Gestão de Redação, tem uma consultoria em soluções de mídia e é sócia fundadora do A Seguir: Niterói. Nasceu em Minas, mas mora em Niterói há 32 anos.
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Entre comprar um carro usado e votar para governador

freixo e castro
O governador Cláudio Castro, que agora lidera e deixou Freixo (à direita) para trás, segundo pesquisa da Qaest

Ninguém o conhecia direito até que Cláudio Castro (PL) foi eleito vice-governador do Rio na chapa encabeçada por Wilson Witzel. Denúncias de corrupção na Saúde depois, Witzel perdeu o cargo e Castro assumiu. Embora novo na política, o bolsonarista distribuiu o poder e o orçamento, e tem hoje 13 partidos no primeiro escalão de seu governo, além do apoio da grande maioria dos prefeitos dos 92 municípios do estado. Não à toa, lidera a disputa eleitoral com 25% das intenções de voto, segundo o instituto Quaest. Castro abriu vantagem sobre o deputado Marcelo Freixo (PSB), que chegou a estar na frente e, nas últimas sondagens, aparecia em empate técnico. Hoje, de acordo com Quaest, Freixo teria 18%.

Em um eventual segundo turno, Castro seria reeleito com 38% dos votos contra 27% de Freixo. São percentuais bastante baixos para um segundo turno e dão a medida da rejeição, da irritação e do desdém do eleitorado. Castro é apoiado pelo Presidente Bolsonaro, do mesmo partido que ele, enquanto Freixo tem o apoio do ex-Presidente Lula (PT). Embora Lula lidere a disputa presidencial no país, no cenário do Estado do Rio ele aparece empatado com Bolsonaro, com 35% cada.

Vou citar apenas algumas das frases ditas pelo governador, em entrevista publicada nesta segunda-feira (16) pelo Globo, para tentar explicar o desencanto do eleitorado e perguntar: todo mundo que diz votar nele seria capaz de comprar um carro usado de Castro?

“Quem comprou as vacinas? Quem distribuiu? Bolsonaro é o pai da vacina”, disse o governador sobre as vacinas contra a Covid, cujos dramas, atrasos e mais de 600 mil mortes no Brasil falam por si.

“O Flávio (Bolsonaro, senador) nunca me pediu ou exigiu nada. É um dos sujeitos mais republicanos que conheço, nunca interferiu”, disse sobre o suposto acordo para que o filho 01 do Presidente Jair indique o vice na chapa.

“São 13 partidos ocupando o primeiro escalão do meu governo. O que chamam de loteamento eu chamo de coalizão”.

“Sobre a festa (de aniversário dele, para mais de mil convidados, e cujos gastos e fonte pagadora não foram divulgados), devo dizer que me diverti muito, foi um presente dos meus secretários e nada foi feito às escondidas”.

“É só perguntar para a política toda, nunca fiz nenhum movimento”, respondeu, sobre o fato de o ex-governador Witzel considerar que foi traído por ele.

A soma de eleitores que já no primeiro turno pretendem votar em branco, anular ou não votar, mais indecisos, chega a inacreditáveis 43%. O que pode ser explicado, em parte, pelas afirmações “corajosas” do governador na entrevista.

A pesquisa Quaest mostra ainda que o ex-Prefeito de Niterói Rodrigo Neves, candidato do PDT ao Governo do Estado, continua bem atrás de Castro e Freixo, com 9% dos votos em um dos cenários pesquisados. O deputado André Ceciliano, do PT, que deve tentar vaga de senador, aparece com apenas 2%, o mesmo percentual de Paulo Ganime, do Novo. Já Felipe Santa Cruz (PSD), o candidato do Prefeito Eduardo Paes, amarga mísero 1%.

O instituto ouviu 1.200 eleitores do Estado do Rio entre os dias 12 e 15 de maio. A margem de erro da pesquisa é de 2,8 pontos percentuais.

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