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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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Elevação dos casos de Transtorno Obsessivo Compulsivo  – TOC

mãos sendo lavadas
O TOC é uma disfunção psicológica associada a um “conjunto de manias”.

Ainda convivendo com a atmosfera de um momento inusitado e inédito instaurado pela pandemia há dois anos, onde a ocorrência do medo, do estresse, da angústia e do pânico tornaram-se reais diante de um inimigo invisível, estudos mostram que, muitos pacientes que sofrem com o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) vêm demonstrando um quadro psíquico agravado em função das medidas de precaução instaladas e recomendadas desde o início do isolamento social.

O pandêmico reforçou esse comportamento por ser um estímulo externo que alimenta a instabilidade do portador da doença. Essa piora é individualizada e vai se manifestar em cada pessoa de uma maneira. Mas o transtorno pode se potencializar, se já existir uma tendência compulsiva e exagerada na lavagem das mãos ou no excesso de limpeza, por exemplo.

O TOC é uma disfunção psicológica associada a um “conjunto de manias” que apresenta compulsões e repetições nos hábitos executados, de forma involuntária e que trazem prejuízos funcionais no cumprimento das tarefas cotidianas. A pessoa passa a criar rituais, desenvolvendo em sua mente preocupações excessivas, pensamentos impróprios e distorcidos com conteúdos obsessivos e dúvidas constantes. Além de demonstrar uma alternância emocional pautada por desconforto, aflições, sentimento de culpa, medo e até comportamentos depressivos.

Esses rituais compulsivos podem ser desenvolvidos no campo da higienização pessoal e do lar, na organização em geral, na simetria ou no colecionismo; variando de intensidade ao longo da evolução da doença.  Se já houve a definição do diagnóstico de TOC e a pessoa realiza acompanhamento com profissional de saúde mental, é muito importante não abandonar o tratamento e não se automedicar. A falta de controle dos sintomas pode agravar a condição deste quadro.

Mas se a preocupação com a higiene e limpeza não passa de uma elevação dos cuidados e precauções, no sentido de cumprir as orientações dos protocolos de vigilância e que, apesar das mudanças necessárias de rotina, não houve abalo ou prejuízos na realização das atividades normais, certamente, não é um caso de TOC.

Lavar as mãos a todo momento, utilizar álcool em gel, higienizar objetos, produtos e alimentos fazem parte das recomendações dos órgãos competentes para eliminarmos os riscos de contaminação, nos mantendo protegidos e protegendo a quem amamos.

Ou seja, preocupações normais e que são atos prudentes que fazem parte de nosso instinto de sobrevivência e defesa. Não podemos descuidar. Isso não irá provocar um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). O mais importante é encarar esse processo e as novas mudanças de hábitos, de forma consciente, considerando um ritual necessário e preventivo, sem transformá-lo em uma neurose paranoica, agravada por medos irracionais e obsessivos. Já que desta maneira se consegue eliminar também, qualquer indício de ansiedade, de sentimentos negativos ou de alteração de humor frequente.

A preocupação excessiva com a desinfecção só será considerada um transtorno se estiver associada ao sofrimento com alterações de comportamento, pensamento e emoções, gerando uma desestrutura emocional, comprometendo o equilíbrio e podendo até desencadear uma fragilidade do sistema imunológico.

Portanto, para manter a sua saúde mental e o organismo equilibrados, mantenha, conscientemente, a calma, objetivando eliminar o pânico e o medo. Siga as orientações de cuidado e prevenção, evitando os riscos, lembrando que, os sofrimentos emocionais podem ser desencadeados por gatilhos de ansiedade e nervosismos alimentados em nossa mente.

Busque meios de amenizar esses gatilhos, selecionando os conteúdos informativos, evitando alimentar o desespero e, realizando atividades prazerosas que transmitam bem estar, sem violar as recomendações de proteção que devemos seguir de forma cautelosa. Não ceda ao pavor mental e aprenda a controlar suas emoções e  sentimentos.

Dra. Andréa Ladislau

Psicanalista

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