A animação da Pixar Divertida Mente 2 estreou no Brasil com várias lições sobre os cuidados em identificar as emoções sentidas e permitir que elas se manifestem. Duas cenas chamam a atenção em meio a todo o enredo bem definido sobre saúde mental: a representação de uma crise de ansiedade vivida pela personagem principal, em que um gesto dos amigos e de suas outras emoções, foi o destaque do filme: o abraço.
Em uma cena chocante e muito real, Riley entra em crise de ansiedade e é acolhida pelas amigas com um abraço. O mesmo acontece com sua essência. Ou seja, um abraço de saudade, de amor, de carinho, de amizade ou de acolhimento pode parecer apenas uma simples atitude de gratidão ou uma demonstração de afeto corriqueiro.
No entanto, esse comportamento, quase automático, que passa desapercebido na correria do nosso dia-a-dia, pode beneficiar relações e privilegiar nosso equilíbrio emocional.
Esse poder do abraço desperta positividade que acessa nossas emoções de maneira terapêutica. Trazendo esse carinho para o início de nossa caminhada enquanto seres humanos, podemos avaliar a essencialidade do carinho desde criança.
Os bebês precisam do abraço e aconchego das mães para se encaixarem em um crescimento saudável. Porém, estudos evidenciam que crianças que não receberam esse afeto constante, desenvolveram distúrbios psicológicos consideráveis e que carregaram para a vida adulta muitos complexos e gatilhos negativos, principalmente no âmbito da construção de suas relações interpessoais.
Neste sentido, são inúmeros os benefícios do abraço mapeados psiquicamente para o indivíduo:
A promoção do bem estar
A instalação de uma linguagem comunicativa para as emoções internas
Protege; acolhe; demonstra afeto, carinho e amor
Diminui o estresse no organismo; alivia a ansiedade
Previne a depressão e o pânico
Estimula o aumento da imunidade fortalecendo o sistema imunológico
Reduz os riscos de doenças físicas e emocionais, ao liberar o hormônio oxitocina (hormônio do amor e do bem estar físico e emocional)
Induz a paciência
Libera dopamina que é responsável pelo bom humor e motivação;
Ou seja, os estados de ansiedade e depressão tendem a ser reduzidos por um abraço caloroso recebido com mais frequência, transmitindo confiança e carinho.
O fato é que cultivar abraços, bons relacionamentos, segurança e afeto sempre será bom para a saúde de todo e qualquer indivíduo, independente da idade ou fase da vida. Visto que, essa comunicação de carinho não precisa de palavras.
Quantas vezes você já não recebeu um abraço que disse muito mais que mil palavras? O toque é uma impressão favorável e amigável de atitudes altruístas e intensas que podem, inclusive, salvar vidas.
Enfim, Divertida Mente 2 mostra, dentre muitas outras coisas, que em um abraço cabe muito amor e muitos benefícios importantes para nossa saúde física e mental.
Quando abraçamos alguém estamos falando, verbalizando um desejo ou um querer sem pronunciar uma só palavra. E quem recebe esse toque vai ressignificar internamente de acordo com o que possa estar vivenciando naquele momento. Portanto, ofereça o seu abraço, quanto mais melhor, e o encare como um remédio perfeito contra as dores da alma e do corpo.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista