A semana dos namorados desperta a atenção da psicologia e de outras áreas da ciência por mesclar emoções contraditórias. As redes e as mídias sociais trazem os casais e os relacionamentos para serem o tema central dos anúncios publicitários e reportagens, assim como o comércio adota essa temática para lançar promoções e valorizar suas vendas. Entretanto, a valorização do amor romântico diz muito mais sobre como estamos nos relacionando com o outro e qual a qualidade dessa relação. Já parou para pensar sobre os impactos de sua presença na vida do outro e vice -versa?
Essa autocrítica é muito importante para detectar quais as nossas atitudes, expressões e comportamentos, ativam os gatilhos do que existe de melhor ou pior em nós e em nossos parceiros. Se levarmos em conta que, o relacionamento saudável se baseia no respeito aos limites do outro e na compreensão de que não podemos nos anular ou deixar de existir para agradar alguém, as contradições da vida amorosa podem utilizadas de forma positiva para alavancar a cumplicidade e interação do casal.
Entretanto, na falta de amor próprio e de autoestima, o carinho e a atenção do outro nunca serão suficientes. Como resultado, os relacionamentos se tornam insuficientes e crescem os conflitos pessoais que dificultam a comunicação, o senso de individualidade, o respeito, o limite e a empatia. O egoísmo e a dependência emocional entram em cena e, ao invés de ativar os gatilhos positivos no(a) parceiro(a), tendemos a despertar negatividade, angústia, insegurança, ciúmes e possessividade. Em primeiro lugar, é necessário aprender a aproveitar a própria companhia e manter o pensamento de que antes de ser parte de um casal deve-se estar confortável consigo mesmo.
Entregar nosso amor a alguém é estar ciente de que é preciso ceder em alguns momentos, através do respeito à opinião alheia, aprender a dizer “não”, entender que somos seres diferentes e que cada um possui uma bagagem de vida distinta que faz com que o olhar para o mundo também possa ser divergente. Porém, em meio a todos esses pontos, existem os sentimentos e as emoções que se afloram, portanto, a reciprocidade e a racionalidade do sentir fazem toda a diferença para que o amor se fortaleça e não se transforme em uma ilusão negativa.
As pessoas dizem que querem ser amadas, mas quantas delas se tornam realmente amáveis no convívio? Essa reflexão provocativa mostra que para estabelecer um vínculo amoroso real e equilibrado, precisamos manter a ética no convívio diário através de habilidades relacionais saudáveis. Uma prática que pode ser conquistada pelo autoconhecimento, autocontrole, autocuidado, gerenciamento das emoções e inteligência emocional.
Enfim, a criação de um ambiente favorável para um relacionamento amoroso positivo que traga segurança, afetividade, empatia, paixão e acolhimento é fundamental. Claro que não é uma tarefa fácil, visto a complexidade do relacionar-se, porém, é preciso favorecer a intimidade delicada, desenvolvida por aspectos favoráveis à qualidade da relação que provoca prazer, aconchego e agradabilidade em estar vivendo uma vida a dois, independente do formato do relacionamento (namoro, casamento, relação casual, entre outros). Não importa. O principal é ser feliz e deixar fluir a emoção do mais puro sentimento que é o amor.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista