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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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 Como suportar a dor e conviver com o luto de um PET?

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A relação do ser humano com seus animais demonstra a afetividade que é inerente ao indivíduo.

Quem tem um animal de estimação sabe o lugar que eles ocupam em nossas vidas. E perder um PET pode ter complicações psicológicas sérias se não houver um trabalho emocional do luto. O enlutado pode vir a sofrer com uma depressão tão profunda a ponto de necessitar até de um acompanhamento psiquiátrico. No entanto, o mais grave são os julgamentos e críticas. Alguns apontam como exagero o sofrimento pela partida de um animal. Não conseguem enxergar o apego emocional envolvido nesse cuidado.

 

Muitos acham estranho e até julgam a motivação que leva o outro a sofrer tanto pela morte de um pet, mas isso é extremamente natural, coerente e verdadeiro. Pois, a relação do ser humano com seus animais de estimação demonstra a importância do sentimento de afetividade que é inerente ao indivíduo. Muitas pessoas, inclusive, seguem a vida cuidando de seus pets de forma tão intensa, como se estes fossem seus filhos. E quem irá dizer que não o são?

 

Um sentimento sem explicação que revela a intimidade e cumplicidade de quem entrega todo carinho e amor incondicional a seus companheiros do reino animal. E quando acontece a morte de um Pet? O sofrimento é real, pois a dor e o processo de luto por causa de um animal de estimação podem ser exatamente iguais ao de quando uma pessoa querida morre.

 

Sabemos que a literatura médica classifica o luto relacionando-o somente à morte de um humano, no entanto, um processo semelhante também ocorre quando perdemos algo muito próximo e querido como um animal, um relacionamento, um trabalho ou um objeto.

No momento da perda de um pet de estimação, as pessoas próximas precisam respeitar o que o tutor está passando e tomar cuidado para não serem indelicadas e invasivas. Porém, de uma coisa não temos dúvidas: é preciso respeitar a dor, não julgar o outro e, principalmente, não minimizar o sofrimento com frases do tipo: ‘Era só um cachorro, não tem motivo para tudo isso'”.   “Arruma outro gatinho, coloca no lugar e está tudo bem”. “Esquece isso. Amanhã você arruma outro”.

 

Fato é que, respeitar essa dor é muito importante para que a pessoa possa passar por todas as fases do luto até chegar na aceitação, que é quando ela consegue lidar com a perda com menos sofrimento e assim, ir retomando a normalidade da sua vida e se adaptando à nova realidade até que o luto se acabe ou se transforme em saudade e em boas lembranças.

 

Geralmente, um processo de luto dura de três meses a um ano, podendo chegar até muito mais tempo. Mas, se a tristeza não diminuir e a pessoa não conseguir retomar a vida, ficando a maior parte do tempo se sentindo culpada e infeliz, o problema pode se tornar um luto patológico. É possível que a depressão possa vir a fazer parte do dia a dia do indivíduo.

 

É muito importante, portanto, identificar que se a situação chegou neste patamar, deve-se buscar ajuda profissional, como um tratamento psiquiátrico ou psicoterapêutico, pois a dor do luto pode se transformar em um transtorno mental prolongado e em alguns casos, até mesmo irreversível.

 

Portanto, a nossa dor e o nosso processo de luto são individualizados. Cada um de nós sabe onde o calo aperta. Por isso, não julgue o sentimento alheio. Somos seres humanos, temos alma e sofremos com nossas emoções. E o luto, seja ele de que natureza for, será vivenciado por cada um de uma forma diferente. Afinal, a intensidade e o tamanho da dor é subjetiva e não cabe julgamentos. Cabem e devem fazer parte deste processo, sentimentos simples, mas também muito poderosos, como: o respeito, a empatia, a compaixão e a sensibilidade.

 

Dra. Andrea Ladislau  /   Psicanalista

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