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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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 Como lidar com a Síndrome do Ninho Vazio?

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Alguns pais sentem dificuldade para lidar com a solidão.

A síndrome do ninho vazio é um processo natural da vida. Os filhos crescem, deixam a família e vão viver suas vidas. Se tornam independentes e decidem morar sozinhos, seja porque vão casar, cursar uma universidade ou buscar mais autonomia.

Esses sentimentos de perda e ansiedade quando o último filho sai de casa são normais.

Porém, algumas vezes, processos naturais têm sido patologizados na cultura popular como um distúrbio, doença ou condição que requer tratamento.

No entanto, para a maioria das famílias, o último filho que vai para a faculdade ou para um bom emprego e apartamento é motivo de comemoração e alívio. Não um estágio de perda.

Enquanto, para alguns, apesar de se sentirem realizadas ao verem seus filhos se casando ou indo morar sozinhos por questões profissionais, ao se perceberem sozinhas começam a sentir seu mundo desmoronar. Sentem dificuldade para lidar com a solidão e custam a recriar suas rotinas, voltadas para si e não mais em função dos filhos.

Os pais podem desenvolver sintomas depressivos, tristeza e angústias, após o esvaziamento da casa pela saída dos filhos. Os sintomas começam com uma tristeza leve, podendo evoluir até para uma depressão severa.

Mas só se pode caracterizar essa Síndrome quando o sofrimento se estende por mais de seis meses, impossibilitando os pais de seguirem com sua rotina com o mesmo prazer de antes.

Um dos maiores riscos da Síndrome é que, ao buscar complementar o vazio/ buraco deixado com a distância dos filhos, muitos pais que já se encontram, na maioria das vezes, em processos de aposentadoria ou doentes com enfermidades típicas da idade, começam também a desenvolver outros transtornos como:

Impulsividade como a automutilação

Consumo excessivo de comidas e álcool;

Transtorno de Acumulação.

 

Sendo, as mulheres as mais atingidas, pois passam mais tempo que os homens envolvidos na criação dos filhos e na manutenção da casa.

 

Além da ansiedade, cansaços, depressão, alterações da libido, memória e humor, também podem sofrer com o vazio, sensação de inutilidade, incapacidade de concentração, fadiga, preocupação excessiva, e até sentimento de culpa.

 

A solução é começar a se preparar previamente para essa fase, buscando outras vivências além dos filhos, como: viajar, estudar, sair com os amigos, praticar atividades físicas e buscar compreender que o contato com os filhos não se perde, apenas se transforma.

 

É crucial seguirem seus caminhos sem sofrimento e guardando o carinho, respeito que permeiam a relação familiar, de forma harmoniosa e equilibrada. O problema está na insistência desse sentimento de vazio e de melancolia, por conta do desânimo e da tristeza que podem evoluir para depressão ou até alguns distúrbios graves.

 

Para evitar se ferir é preciso aprender a controlar os sentimentos e manter uma rotina de autocuidado. Esses pontos elevam a autoestima e colaboram com a saúde mental desses pais que, agora, enfrentam um período de luto, por não ter mais tanta acessibilidade aos seus filhos.

 

Portanto, a Síndrome do Ninho Vazio nada mais é do que, um momento de mudança e de novas adaptações. Essas emoções são naturais no início, afinal é uma mudança muito súbita no cotidiano, o que implica na saudade, no sentimento da falta e, também, no aumento da sensação de solidão. Uma experimentação emocional da transição da vida adulta dos filhos que buscam e precisam seguir suas trajetórias independentes.

 

Dra. Andréa Ladislau  /  Psicanalista

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