Finalizar ciclos é muito importante para que novos começos tenham o seu devido espaço e lugar. Pensando nisso, o fim de ano é um tempo de reflexão e planejamento. É inevitável, neste momento, não olhar para o que passou e fazer reflexões sobre o que virá.
É uma época que provoca um sentimento de urgência, uma ansiedade pelo que pode acontecer nos próximos meses, além de uma nostalgia em perceber o que deixamos para trás, o que ainda prevalece e o que queremos conquistar para o ano que se iniciará.
Esse misto de sentimentos pode ser mágico para algumas pessoas, mas também pode trazer ansiedade em potência máxima, para outros. Isso acontece porque nem todos sabem lidar com a pressão por alcançar resultados, o peso das reflexões sobre o que passou e as famosas listas de resoluções que podem gerar comparações e cobranças que afetam nossa saúde mental.
Mas como lidar com tudo isso e fechar o ciclo, iniciando um novo ano de maneira leve e equilibrada? Não é tão fácil, porém é importante ter a consciência de que metas e resoluções não precisam ser uma fonte de estresse.
Elas podem ser ferramentas positivas quando usadas com equilíbrio, sem alimentar e potencializar a ansiedade e até sintomas de pânico.
As expectativas irreais e as pressões sociais são algumas das principais causas de estresse durante essas ocasiões. O principal é focar em objetivos simples e realistas, sem criar expectativas de processos intangíveis, simplesmente, para fechar um ciclo em tempo recorde.
Encarar as metas como guias e não como obrigações é fundamental para conseguir alinhar os planos com valores e limites pessoais. Outra coisa essencial é permitir-se ajustar e mudar o rumo quando necessário. O engessamento da busca de conclusão de objetivos, só gera mais aceleração e provoca um senso de urgência desnecessário, nessa reta final do ano.
Além disso, temos um outro fator relevante no desencadeamento de sensações desconfortáveis que são os encontros familiares que podem reativar memórias e conflitos passados, causando dinâmicas interpessoais disfuncionais.
Também temos a idealização de festas promovidas pelas redes sociais e pela mídia, com a vitrine que mostra um mundo virtual perfeito, intensificando sentimentos de inadequação ou frustração, criando uma lacuna entre expectativa e realidade.
Ou seja, o que precisa estar em mente é que, o fim de um ciclo não é sobre perfeição ou “fazer tudo certo”, mas sobre acolher o que se viveu e abrir espaço para novos começos, respeitando o próprio tempo e as emoções. Afinal, o melhor presente que se pode dar a si mesmo é cuidar da saúde mental, sem permitir-se exageros ou excessos.
Enfim, a ansiedade nesse período do ano, só vem para agravar sensações ruins. É essencial trabalhar seus efeitos e minimizar sua ação. Ela só faz focar no que acredita-se que falta, impedindo a celebração do que se conquistou ao longo do ano. Olhar para a jornada que se encerra nesse ciclo, sem se medir pelas expectativas ou pelas comparações com outras pessoas, é uma excelente estratégia de busca por equilíbrio e autoconhecimento.
Visto que, a autoconfiança e leveza ajudam a lidar com a ansiedade e com a sensação de insuficiência que os tempos festivos podem provocar. Sabemos que conviver com a ansiedade é comum e inerente ao ser humano.
Ela pode nos impulsionar a tomadas de decisões, porém viver o agora, o momento presente, sem sofrer com o futuro que ainda vai chegar e que não temos controle algum sobre os acontecimentos de amanhã, pode e deve ser uma grande arma aliada a promover equilíbrio e paz nos dias que se seguem.
Dra. Andrea Ladislau / Psicanalista