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Silvia Fonseca

Silvia Fonseca é jornalista e trabalhou por 30 anos no jornal O GLOBO, onde foi Editora Executiva. Tem pós em Gestão de Redação, tem uma consultoria em soluções de mídia e é sócia fundadora do A Seguir: Niterói. Nasceu em Minas, mas mora em Niterói há 32 anos.
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Cheiro de naftalina e de golpe no ar

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Jovens eleitores em fila para tirar o título em Niterói. Foto de Sônia Apolinário

É uma eleição presidencial em que tudo parece velho e continua no mesmo lugar. A menos de seis meses da votação, os candidatos mais fortes continuam sendo o ex-Presidente Lula (PT) e o atual Presidente, Bolsonaro (PL), praticamente estagnados na preferência dos eleitores. O ex-Ministro Ciro Gomes (PDT) se agarrou na terceira posição e igualmente parece ter dificuldade de se mexer neste momento. Tudo tem cheiro de naftalina. Inclusive o risco de um golpe militar. A diferença é que agora esse enredo é preparado por tentativa explícita de “melar” o processo eleitoral  e bagunçar o coreto caso o atual Presidente não seja reeleito. Pior: roteiro preparado pelo Planalto com a chancela de militares.

É neste cenário que, neste sábado (7), Lula comanda o lançamento de sua chapa para disputar a Presidência da República mais uma vez. Nada de novo, não fosse um detalhe: ao seu lado deverá estar o ex-governador Geraldo Alckmin, que tem cara de tucano, jeito de tucano, discurso de tucano e mente de tucano, mas não é mais tucano. Agora está no PSB. Lula tenta dar uma guinada para o Centro com Alckmin, mas será que conseguirá desta vez?

De fora, estamos assistindo ao roteiro cumprido por Bolsonaro nas ruas e nos bastidores, com motos e ameaças, para um golpe com o patrocínio de militares. De outro lado, vemos uma oposição que é maioria mas que não vai para as ruas, não incomoda, não grita como já gritou e esperneou em outros momentos decisivos da História do país. Tudo bem querer ganhar as eleições, mas desde já seria preciso estar atento e forte para conseguir assumir, se for o caso.

Pesquisa do Ipespe (antigo Ibope) divulgada nesta sexta-feira (6) mostra um cenário estabilizado, pelo menos nos números. Lula hoje teria 44% das intenções de voto contra 31% de Bolsonaro. Duas semanas atrás (embora os demais nomes na pesquisa tenham sofrido alterações), era a mesma coisa praticamente: 45% a 31%. Essa diferença de 13 pontos percentuais no primeiro turno parece grande, mas não é nem deve assustar muito Bolsonaro hoje. O que tira o sono do Presidente, certamente, são outros números: no cenário de segundo turno, Lula continua vencendo mas vai a 54%, enquanto Bolsonaro só chega a 34%.

O que isso significa? Que o eleitor raiz de Bolsonaro, que está com ele hoje e não deve mudar, fica em torno de 30% e  não deve passar de 34%. E Lula tem garantidos os 54%? Não, não tem, embora a situação do petista seja muito mais confortável que a do adversário. Tudo vai depender do comportamento da curva de Ciro, que hoje não sai do lugar e está em 8%. De Ciro só não: vai depender do imponderável também. E há muitos imponderáveis de oliveira costeando o alambrado, como diria Brizola.

Num cenário mofado, com discursos velhos, reinado do Centrão e ameaça de golpe, cerca de 2 milhões de jovens de 16 e 17 anos tiraram o título para  votar nas eleições de outubro. Não é nada, não é nada, já é alguma coisa. Pelo menos sinal de que haverá mais brasileiros com chance de ter esperança no futuro indo às urnas.

 

 

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