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Silvia Fonseca

Silvia Fonseca é jornalista e trabalhou por 30 anos no jornal O GLOBO, onde foi Editora Executiva. Tem pós em Gestão de Redação, tem uma consultoria em soluções de mídia e é sócia fundadora do A Seguir: Niterói. Nasceu em Minas, mas mora em Niterói há 32 anos.
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Bolsonarismo raiz e conservadorismo mostraram força no país

Voto evangélico
A charge do genial Helio Bueno: que Brasil é este?

Não foi como a onda de 2018, que elegeu Jair Bolsonaro presidente e aliados de extrema-direita em todo o país. Foi mais forte em 2022 porque, entre uma eleição e outra, tivemos a pandemia e seus 700 mil mortos, a destruição da floresta, da educação, das relações internacionais, da civilidade. O 2 de outubro mostrou que o Brasil é conservador, de direita. Uma direita raivosa, que não se importa com a proliferação de armas e outros retrocessos transformados em política de Estado.

O ex-presidente Lula chegou na frente no primeiro turno, mas a vantagem dele sobre Bolsonaro foi muito  menor do que indicavam as pesquisas. E essa diferença não importa: o bolsonarismo venceu nos três maiores colégios eleitorais do país, conseguindo inclusive reeleger o obscuro Cláudio Castro no primeiro turno no Rio e Romeu Zema (que não assume, mas é bolsonarista) em Minas. Não bastasse, Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro e que nem de São Paulo é, chegou bem à frente de Fernando Haddad no maior eleitorado do Brasil, com quase sete pontos sobre o petista e contra todas as previsões das pesquisas.

De Norte a Sul, o que se viu tão logo as urnas foram abertas foi o bolsonarismo raiz vencendo e mostrando força. A inacreditável Damares Alves foi eleita senadora no Distrito Federal. Magno Malta levou no Espírito Santo, Romário no Rio de Janeiro. Hamilton Mourão, o ex-vice, é o senador eleito pelo Rio Grande do Sul. E até Sergio Moro, rompido com o presidente mas sem dúvida de direita e conservador, anti-Lula, saiu vencedor no Paraná.

E o que dizer de o general Pazuello, o ministro da cloroquina, ser o segundo mais votado para deputado federal no Rio de Janeiro? Ricardo Salles, o ministro da boiada, conquistou uma cadeira por São Paulo. Os exemplos da força desse bolsonarismo são inúmeros e assustadores. É este o Brasil que sai das urnas no 2 de outubro. O PL de Bolsonaro, cujo dono é Valdemar Costa Neto, elegeu nada mais nada menos que 99 deputados e 14 senadores, e terá a maior bancada da Câmara dos Deputados.

Haja orçamento secreto, pobre país.

Lula, que tinha esperança de liquidar a questão no primeiro turno, vai enfrentar um Bolsonaro muito mais forte, energizado e aguerrido no segundo turno que começa hoje. Não terá palanque no Rio nem em Minas, e ainda enfrentará dificuldade em São Paulo porque o voto conservador migrou dos tucanos para o bolsonarismo no maior colégio eleitoral, o que mostra a vantagem de Tarcísio, que caiu  lá de para-quedas outro dia mesmo.

Vai ser uma grande batalha. Mas o que se viu nesta noite de 2 de outubro é um Brasil que assusta, assusta muito.

 

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