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Sergio Torres

Sergio Torres trabalhou nos três maiores jornais do país ao longo de 35 anos. Mas se interessa mesmo é pelas notícias locais de Niterói, onde nasceu e sempre viveu. 
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Blecaute em Niterói

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Protesto de moradores de Niterói contra a falta de luz no fim de semana, após temporal no sábado

Dos 450 anos que Niterói completa agora, vivi 61. Nunca saí daqui, fora as viagens a trabalho e a lazer. Sempre voltei para a minha cidade, gosto daqui.

Poderia falar de um monte de coisas que ocorreram nessas seis décadas. De como Niterói mudou, de como os edifícios enfeiaram os bairros, de como o trânsito piorou, da sensação de insegurança, dos bolsonaristas ridículos que sobreviveram à Covid e andam por aí.

Mas vou escrever sobre um problema atualíssimo e muito antigo: a falta de luz.

Era bem pequeno, morava na Rua Álvares de Azevedo, no quarteirão entre a Tavares de Macedo e a Gavião Peixoto. Minha memória é boa para fatos do passado remoto. O edifício chama-se Piraí (está lá ainda, claro). Morava com pais e irmãos no nono andar.

O telefone do apartamento era 28262. Pelo aparelho preto clássico de discar, pesadão, com fio enterrado na parede, meu pai ligava para a Gruta de Capri e pedia para ir preparando umas pizzas que ele as buscaria daí a pouco. Ao que me lembro, não havia entrega naqueles tempos (nem hoje há; o que existe é delivery).

Mas havia um horário em que não dava para trazer as pizzas, pois na volta seria preciso subir os nove andares pela escada. Era a hora do blecaute. Naquela  época, no início da noite, a energia era cortada por uma hora. A população já sabia. Era uma medida oficial do governo.  Ficava tudo escuro. Não dava para brincar, ver televisão, nada. Muito menos comer as deliciosas pizzas da Gruta.

Busquei no Google referências àquele período. Não encontrei nada sobre o blecaute dos anos 60, que possivelmente acontecia por volta de 1965, 66. Devo ter procurado errado.

O racionamento planejado de energia deixou de existir um tempo depois. Mas a luz nunca deixou de faltar. Sempre aconteceu. Acontece ainda, como bem sabemos.

Por volta de 1984, fiz reportagens para o jornal “O Fluminense” sobre a falta de luz e de água no bairro Riodades. Havia protestos dos moradores. Protestos simplórios, batiam latas e panelas, gritavam palavras de ordem. Ninguém botava fogo e quebrava tudo como se viu em Niterói nos últimos dias.

Talvez se naquela época os humildes moradores da Riodades se manifestassem de forma mais exaltada, o problema da falta de luz poderia já estar resolvido. Vai saber.

 

 

 

 

 

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