A autocompaixão pode ser um conceito muito complexo de entender, e existem razões para isso. Relembre na memória, quando criança e você ficava pensando como seria o futuro… ou quando, ao assistir um filme, pensava assim: “caramba, o que eu faria se acontecesse isso comigo”? Se você parar para pensar, tenho a certeza que chegará a conclusão que nunca imaginou que, um dia, fosse viver o que está vivendo hoje.
E junto a essa pergunta, somam-se outras que você precisa analisar e responder a si mesmo, para ter uma melhor compreensão da sua própria vida: O quanto você acha que tem estado verdadeiramente consciente das coisas com as quais está lidando na sua vida? Quanto vem sendo compreensivo e compassivo consigo mesmo? O quanto você vem se exigindo muito mais do que exigiria de qualquer outra pessoa que você ama? O quanto vem sendo crítico, julgador e intransigente consigo mesmo? QUANDO você acredita que será merecedor da sua própria compaixão?
Porém, não se engane, existem inimigos que impedem o florescimento da autocompaixão e por isso, devemos usar antídotos específicos para combatê-los. Os inimigos são: a cultura da autocrítica que traz a ideia de sermos duros conosco e, muitas vezes, também pode ser encarada como um impulso para o sucesso. A confusão com autoindulgência também é uma inimiga pois nos faz temer praticar a autocompaixão, ignorando nossas responsabilidades e permite assim que, comportamentos prejudiciais e negativos se mantenham.
O medo de fraquejar e demonstrar sinal de fraqueza ao praticar a autocompaixão também pode ser considerado inimigo, além do culto às expectativas irreais. Neste sentido, podemos usar como antídotos a autoaceitação contra a autocrítica; a busca pelo equilíbrio contra a autoindulgência; o reconhecimento de sua própria humanidade contra o medo de fracassar e o fortalecimento de metas realistas contra as expectativas irreais.
Investir na autocompaixão não apenas vale a pena, mas também é um ato de amor próprio que nos permite florescer, enfrentar desafios com resiliência e nutrir relacionamentos mais saudáveis. A jornada pode ser desafiadora, mas cada passo em direção à autocompaixão é um passo em direção a uma vida feliz e mais leve.
Então, neste mundo onde a cada dia, vivemos situações inusitadas e inesperadas. Onde nos deparamos com tristezas por toda parte, sensações e emoções as mais variadas possíveis, que nos provocam sentimentos de muita dor e em outros momentos muita euforia também, eu só quero te lembrar de se tratar com a mesma amorosidade, compaixão, compreensão e carinho com que você trataria a pessoa que você mais ama na sua vida.
Tenha paciência consigo mesmo e com seus próprios processos. Pratique a autocompaixão. Se a sua compaixão não te inclui, ela não é verdadeira – é apenas alívio da culpa e codependência. A compaixão verdadeira sempre começa conosco e se soubermos, de fato, acolher a nós mesmos, aí sim: a compaixão vira um transbordamento.
Dra. Andréa Ladislau
Psicanalista