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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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Aspectos psicológicos positivos da volta às aulas

O ensino remoto tornou-se uma realidade nos últimos dois anos em função da pandemia. Se para os adultos o modelo de trabalho home office exigiu grandes adaptações, as nossas crianças também passaram por este desafio quando as escolas adotaram o estudo remoto para proteger contra a contaminação pelo vírus da Covid 19.

Hoje, com as vacinas, a retomada das aulas presenciais passa a ser mais palpável e real agora. Retomar o ritmo normal de um ano letivo suscita aspectos desafiantes em relação ao impacto desse processo. Já que tanto alunos, docentes e responsáveis, viveram desafios estruturais e emocionais importantes no momento de isolamento.

Novas estratégias são exigidas para manter a segurança de todos na volta às aulas presenciais. Além do passaporte vacinal que poderá ser exigido, também é preciso o acompanhamento da retomada dos cuidados e protocolos de segurança, assim como um maior acolhimento dos alunos, das famílias e do corpo organizacional de todas as instituições de ensino.

Porém, não há dúvidas quanto à sensibilidade, insegurança e ansiedade de todos em relação aos acontecimentos dos últimos anos. Já que o trabalho pedagógico, assim como diversas outras atividades, precisou ser reinventado. Aulas virtuais foram implementadas e as rotinas de alunos, responsáveis e professores, foram totalmente modificadas após a constatação de uma pandemia. Fato que exige hoje um maior alinhamento entre a escola e a família, na tentativa de fortalecer o papel de ambos na construção do saber das crianças e jovens.

A preocupação com a segurança e saúde, no sentido de se evitar contaminações, aumenta a cada dia e demonstra a real necessidade de uma escuta ativa e eficaz, além de uma maior parceria entre o corpo docente e os familiares, que também são afetados pelo peso deste cuidado. Além da necessidade de vacinação de nossas crianças e jovens, o rigor e a eficiência com a segurança dos protocolos de cuidados devem estar garantidos.

Por mais que o empenho e a dedicação de docentes, coordenadores, diretores e pais sejam intensos, o principal é ter a certeza de risco zero de contaminação pelo vírus Covid -19 nas escolas.

Psicanaliticamente falando, temos que ressaltar o aspecto relativo à criação de expectativas. Os alunos desejam, assim como os adultos a normalidade. Onde possam desenvolver o senso de pertencimento, socializar e interagir com pessoas de sua idade. Fato que torna de extrema importância o desenvolvimento dos protocolos de segurança a fim de incentivar e fortalecer uma convenção de cuidados em que todos possam sair ganhando.

Analisando todos os personagens deste cenário, de um lado temos o educador que sofreu com as pressões emocionais, o medo, a carga e o peso da responsabilidade da proteção, condução e orientação de uma turma inteira de crianças e jovens que o enxergam como um porto seguro.

Do outro lado, encontramos os responsáveis que também sentiram na pele os impactos da violência psicológica a qual fomos expostos quando nos deparamos com a insegurança dos riscos de contaminação por um vírus invisível que nos isolou socialmente, modificou as regras de convivência e virou de ponta cabeça a rotina de muitas famílias. E, por fim, no meio de tudo, temos os alunos, ceifados por um isolamento social abrupto, em que foram privados do convívio dos amigos e do contato afetuoso e orientador de seus educadores.

Sujeitos envolvidos na dura missão de tentativa de controle de suas emoções, dúvidas e medos. Desafiados a uma nova adaptação cotidiana que não alimente, de modo geral, um pânico crescente, através da busca por uma racionalidade. Afinal, também temos que compreender de que forma nossos alunos possam estar preparados emocionalmente para essa retomada. A priorização do material humano e a cautela com os aprendizados adquiridos durante o isolamento social, complementam a necessidade de encontrarmos respostas e acolhimento dentro de todo esse contexto.

Se a escola é feita de pessoas, uma coisa é certa: não se pode negligenciar a vulnerabilidade e a necessidade de se construir conteúdos afetivos que sustentem o atendimento a uma demanda legitimada pela preocupação dessas famílias, pela ansiedade dos alunos e pelo desejo em voltar a uma normalidade tão almejada por todos.

O lugar dos encontros que socializa nossas crianças e jovens e transforma a relação de parceria e troca de aprendizados entre eles e os educadores, vive hoje essa conjuntura de esperança. Reflexos da possibilidade de se vacinar e eliminar os riscos de uma contaminação, deixando para trás tristes lembranças de um isolamento causado por uma pandemia que assolou o mundo. Um acontecimento inusitado que demonstra e dá sinais da devastação emocional que evidencia a elevação dos casos de transtornos psíquicos, como: ansiedade, depressão, fobias e pânico. Uma constatação que aciona o botão vermelho de alerta para que sejam levadas em consideração, as dores internas de cada um.

Portanto, percebemos o quão importante e urgente se faz a cautela e medidas adequadas para o retorno às aulas presenciais, pois o direito à educação plena da criança e do adolescente é garantido por lei, assim como o direito à prevenção e preservação dos cuidados a saúde.

Voltar ao convívio social, sair de casa com segurança, estar com os amigos, receber os cuidados de professores e alimentar seu lado intelectual através do saber e aprendizado adquiridos, sem dúvida, são benefícios importantes e super aguardados pelos alunos, que tiveram suas vidas escolares modificadas desde o início da pandemia. Ou seja, é preciso atender ao coletivo de forma segura, saudável, empática e com muito afeto. Um afeto extensivo a todos os envolvidos na mais linda missão de educar e transmitir o conhecimento ao próximo. O advento das vacinas de crianças chega para preservar e evitar um risco intolerável de retrocesso, que possa voltar a traumatizar crianças, jovens e educadores, no caso de um retorno ao isolamento social restrito, que marcou o inconsciente e a mente de alunos, professores, pais e equipe docente em geral.

 

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