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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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A solidão intensa assusta, fere a alma e a mente

imagem pessoa triste
A solidão só traz benefícios quando não é exagerada e constante.

“Me sinto tão sozinho, que chega a doer”. Uma frase de impacto, que pode revelar a cruel realidade de muitas pessoas hoje que sofrem com a solidão. Alguns relatos dão conta de que, a dor é tão intensa e insustentável que quase chega a ser física.

Uma verdadeira incoerência em meio ao crescimento populacional e a vida atribulada que vivemos. Porém, a verdade é que o ser humano está cada vez mais solitário e fechado em seu mundo particular.

Um cenário que preocupa, pois, pode agravar diversos problemas de saúde, desencadeamento síndromes, transtornos e outras questões de cunho psicológico e fisiológico.

Viver rodeado de pessoas, agitado por inúmeras tarefas, não é sinônimo de que a pessoa não se sente, no fim das contas, solitária. Essa é, inclusive, a principal queixa de muitos: “mesmo me relacionando com muitas pessoas, tenho sempre a sensação de estar só”. Isso ocorre, pois os sentimentos de angústia e depressão tendem a acompanhar e alimentar a sensação de solidão.

O solitário enxerga negatividade nas relações e esse sentimento pode ser contagioso. A maioria dessas pessoas talvez não seja solitária por natureza, mas sente-se socialmente isoladas, embora estejam cercadas de gente.

O sentimento de solidão, no começo, faz com que a pessoa tente estabelecer relações com outras, mas, com o tempo, a solidão pode acabar em reclusão, porque parece uma alternativa melhor que a dor, a rejeição, a traição ou a vergonha.

Quando a solidão se torna crônica, as pessoas tendem a se resignar. Podem ter família, amigos ou um grande círculo de seguidores nas redes sociais, mas não se sentem verdadeiramente em sintonia com ninguém.

O motivo é que, quando o cérebro entende o seu entorno social como algo hostil e pouco seguro, permanece constantemente em alerta. E as respostas do cérebro solitário podem funcionar para a sobrevivência imediata. Os familiares e amigos geralmente são os primeiros a detectarem os sintomas de solidão crônica.

Quando uma pessoa está triste e irritável, talvez esteja pedindo, em silêncio, que alguém a ajude e se conecte com ela. A paciência, a empatia, o apoio de amigos e familiares, tudo isso pode fazer com que seja mais fácil recuperar a confiança e os vínculos e, por fim, reduzir os efeitos da solidão crônica.

Porém, para muitos, falar com sinceridade sobre a solidão continua sendo difícil, porque é uma condição mal compreendida e estigmatizada. No entanto, dada sua frequência e suas repercussões na saúde, é preciso mais informação a respeito, acolhimento para identificá-la e abordá-la, com empatia e carinho.

A solidão só traz benefícios quando não é exagerada e constante. Visto que, todos precisamos de momentos de reflexão interna e afastamentos momentâneos para encontrar nosso eixo e continuar nossa trajetória. Mas, o alerta precisa ser acionado se essa prática acontece com frequência, intensamente e em detrimento das relações interpessoais.

Enfim, infelizmente, muitas são as pessoas que vivem a dor da solidão e que, acabam, por exemplo, aproveitando a evolução tecnológica como um refúgio relativamente seguro para se relacionar com os outros. No entanto, sabemos que o ambiente virtual, não se apresenta tão seguro assim.

Além disso, uma conexão pela internet não substitui uma conexão real. Mais um motivo de buscarmos estar mais conectados com as pessoas próximas, pessoas que nos querem bem e que nos transmitem aquietação na alma.

Isolar-se só fará com que o indivíduo esteja mais propenso a desenvolver sintomas e patologias psicológicas que irão contribuir para o prejuízo psíquico de sua saúde mental.

Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista

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