A campanha eleitoral começa e parece que o que está em jogo em Niterói, para alguns candidatos, não é a Prefeitura e as 21 cadeiras da Câmara Municipal, mas o governo nacional e, às vezes, até as cadeiras do Supremo Tribunal Federal. A agenda política passa pelo grito de guerra bolsonarista de “Fora Lula”, pela Linha 3 do Metrô, pela remoção da população de rua, entre outros temas que estão além do poder municipal.
É claro que o município fica espremido entre as grandes questões nacionais. Emprego, renda, desigualdade, entre outras, sempre terão impacto na vida das cidades. Mas as prefeituras têm, em sua área de competência, entregas importantes para a qualidade de vida dos moradores. Algumas delas são de competência exclusiva do município, e não contam com ações do estado ou do governo federal. É o caso da limpeza pública, saneamento, organização do trânsito, transporte municipal, Saúde básica, e Ensino fundamental. Não é pouca coisa – e, em Niterói, apesar do orçamento generoso dos royalties do petróleo e da boa posição da cidade no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o desafio é enorme.
O transporte público e o trânsito, descartada a demagogia da expansão da Linha 3 do Metrô, já aparecem como problema há várias eleições, e o engarrafamento está longe de uma solução. Túnel, BRT, faixas reversíveis, ciclovias e, agora VLT, não melhoraram e não vão resolver a mobilidade na cidade. Com 300 mil veículos – e mais alguns milhares de São Gonçalo , Itaboraí e Maricá, que circulam por aqui, não há saída além de tirar os carros da rua. Para tanto, não existe mágica: é preciso melhorar o transporte público, no caso, os ônibus – ou apelar para o rodízio, medida impopular que nenhum governo gostaria de promover. Nos últimos anos, não avançamos nesta direção; pelo contrário. As enormes filas nos pontos da cidade mostram que há menos ônibus em circulação. O ônibus, assim, vai deixando de ser uma opção, perde espaço para o transporte individual. Senhores candidatos, qual a proposta para resolver o problema do trânsito?
A saúde é outro problema. Não é preciso inventariar hospitais, postos de saúde, médicos de família e outros recursos públicos. A fila de espera para exames chega a seis meses e até a um ano em algumas especialidades. Impossível falar em prevenção e política pública de saúde sem resolver este problema. Como acabar com as filas que se formam às três da manhã para se conseguir uma senha para um exame médico?
Outro ponto é a Educação. O exame do Ideb mostrou, mais uma vez, que Niterói não consegue cumprir as metas de melhoria do Ensino Fundamental, nem nos primeiros anos, nem nos últimos anos, e aparece entre os piores desempenhos do estado. Isso numa cidade que se vangloria de fazer o maior investimento na Educação entre os municípios brasileiros. Por que não passamos da alfabetização na gestão da escola Púbica? Como melhorar o desempenho escolar?
Bolsonaro não é candidato a prefeito de Niterói nem vai resolver os problemas de Niterói, nem Lula, nem Castro, nem Paes, nem o Capitão Nélson, nem Quaquá, nem a igreja evangélica… A eleição é a chance dos partidos e candidatos apresentarem as suas propostas de governo. É importante fazer isto de forma clara e consistente, sem falsas promessas e demagogia.
Senhores candidatos, que tal um pouco de respeito com o eleitor? O que os senhores pretendem fazer para tornar melhor a vida na cidade?