Comprei pão no fim de semana em duas padarias de Icaraí. Na Beira-Mar, o quilo do pãozinho simples custou R$ 23,90. Na Pão & Etc, na mesma Rua Paulo Gustavo, R$ 22,90. Nesta última, o quilo do pão de queijo estava a R$ 72. Repetindo: inacreditáveis R$ 72, mais do que o quilo do filé mignon, já nas alturas. Para além da ganância, há razões que todos conhecemos: o aumento dos combustíveis e dos fretes, os efeitos da guerra na Ucrânia, a balança comercial, uma política econômica errática, o aumento dos juros, a desvalorização do real, etc etc.
A disparada dos preços de alimentos e combustíveis explica o resultado de pesquisa da Genial/Quaest divulgada semana passada. A economia disparou na percepção do brasileiro como o principal problema do país hoje.
Já foi a corrupção, em 2015. Já foi a saúde/pandemia, em 2021. Mas agora, quando eu “trago um embrulhinho na mão e deixo um saco de dinheiro” em qualquer mercado, é a economia de novo a tirar o sono e castigar o estômago.
Pela pesquisa, a maioria (51%) considera que a crise econômica é o maior problema do país. Em seguida aparecem saúde/pandemia (12%), questões sociais (11%), corrupção (10%) e outros (16%). Voltamos ao “rouba mas faz”? Não necessariamente. Voltamos a ter medo de não ter o que comer. Ou de voltar a comer o que dá, não o que se quer. Pior: um dramático número de famílias já não tem o que comer há algum tempo!
Entre num supermercado ou compre um pãozinho e você vai entender na hora o resultado da pesquisa. Há, porém, um outro dado difícil de explicar: apesar disso e de tantos outros problemas mais, inúmeros e insuperáveis, a população continua dividida em relação ao Governo Bolsonaro.
Segundo a pesquisa, 49% dos entrevistados fazem uma avaliação negativa do Presidente de plantão. Mas outros 49%, no total, consideram seu Governo bom (24%) ou regular (25%).
Como digerir com o pão a R$ 23,90, sem poder comprar café?