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Luiz Cláudio Latgé

Jornalista, documentarista, cronista, atuou na TV Globo por 30 anos, como repórter, editor, diretor. Consultor em estratégia de comunicação, mora em Niterói e costuma ser visto no Mercado de São Pedro.
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A FM Maldita, quando parecia que tudo podia dar certo

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Johnny Massaro, ao centro, como Luiz Antônio Mello, criador da Maldita

Era o início dos anos 80. O Brasil vivia a abertura política. O circo voador explodia no Rio numa onda irresistível de criatividade. Os jovens tomavam as ruas na campanha das diretas. E ocupavam todos os espaços que a vida oferecia. “Parecia que tudo era possível, e que tudo ia dar certo.” Assim a produtora Renata Almeida Magalhães apresentou o filme “Aumenta que isto aqui é Rock’n’ Roll”, livremente baseado na história da Rádio Fluminense FM, a Maldita, na pré-estreia, no Itaipu Multicenter, nesta terça-feira (23).  “De Niterói para o mundo”, completou, ao lado de Luiz Antônio Mello, o criador da rádio e toda a equipe do filme.

A Maldita foi uma revolução no rádio,  com locutoras, no lugar antes reservado aos homens, uma programação variada, linguagem divertida, ousada, promoções nas ruas, eventos e muito Rock, uma obsessão na vida de Luiz Antônio Mello, que ainda hoje se ocupa de reunir suas bandas favoritas na Rádio LAM, que exibe na Internet. A rádio começou com os discos que tinha em casa, bandas clássicas e novas, muitos discos importados. Aos poucos, deu voz ao Rock nacional, abrindo o microfone para bandas como Blitz, Barão Vermelho, Paralamas, Lobão e muitos outros artistas, muitas vezes em “gravações de garagem”. A rádio que transmitia corridas de cavalo e era uma das últimas do ranking das FM virou, em pouco tempo, a campeã de audiência.

Para Niterói, é quase um monumento. Faz parte da memória afetiva da cidade, como Sérgio Mendes, as medalhas do iatismo, Gérson, a passagem de Roberto Carlos, as mulheres bonitas, o italianinho, a vista do mar… É legal saber que a cidade participou deste momento. Fácil entender a emoção de Luiz Antônio ao ver o filme, pela primeira vez. O aplauso final mostra a cidade compartilhou deste sentimento.

O filme retrata este momento, num roteiro criado a partir do livro de Luiz Antônio, A Onda Maldita. É fiel ao tempo e ao cenário e captura o espírito da empreitada. O criador da rádio gostou da interpretação do Johnny Massaro, que faz o seu papel, mas adverte que boa parte das histórias não aconteceram, como o romance colocado no centro da trama. E algumas características atribuídas a ele. Mas desde então não fala de outra coisa.

No roteiro de L.G. Bayão é difícil identificar quem eram os personagens que estavam sendo retratados ali, os perfis se misturam. Não era a proposta do filme. Mas o projeto  reuniu boas cenas, como a precariedade dos estúdios, a promoção das formigas, os shows, a transmissão do Rock in Rio por telefone… As imagens originais do festival marcam o final do filme. Luiz Antônio deixa a rádio pouco depois, em 85.

Niterói vai gostar de se ver na tela, num tempo em que parecia que tudo era possível e que tudo ia dar certo.

Veja mais sobre o filme em: Filme que conta a história da rádio Fluminense estreia em Niterói (aseguirniteroi.com.br)

 

 

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