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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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A culpa nossa de cada dia

A chave do sucesso desta ruptura é o autoconhecimento.
A chave do sucesso desta ruptura é o autoconhecimento.

Você sente que está carregado de culpa? Se culpa por tudo? Então, esse texto é para você. Afinal, muito se fala da autopunição e dos chicotes imaginários, que usamos para nos culparmos por repetições de comportamentos, situações ou emoções destrutivas: os chamados círculos viciosos.

No entanto, a culpa que imputamos a nós quando percebemos que estamos, novamente, fazendo as mesmas coisas é, na verdade, uma tentativa interna de alívio da sensação ruim. Uma maneira de nos sentirmos melhores apesar dos erros. Tentando demonstrar que o erro que está acontecendo novamente não é intencional. Pois, assumir uma culpa, e não tomar atitude de mudança de nada adianta para que o círculo seja quebrado.

No fundo do inconsciente, agimos assim para assumir para nós mesmos que não somos pessoas tão perversas, tão cruéis ou tão ingênuas. O que não minimiza os impactos e ações que nos prejudicam. Essas punições são, na verdade, manipulações que criamos para nós e para o outro, objetivando um alívio interno e a valorização dessa falta de atitude em agir em prol de uma verdadeira mudança. Existe, portanto, uma necessidade real de alteração desse comportamento. Continuar fazendo as mesmas coisas, de fato, não nos confronta com o real motivo da repetição.

Indagar-se: por que errei? Por que sempre estou agindo dessa forma? Por que repito sempre os mesmos tipos de relações, sempre o mesmo perfil de pessoas? O que faz eu me perder? Ou por que perco o controle da situação, se eu já cometi o mesmo erro antes? Essas perguntas investigativas são de extrema importância no processo de eliminação dos atos repetitivos e suas consequentes punições imaginárias, através de culpas impostas.

O processo de cura acontece quando eu realmente compreendo a função dessa culpa e olho para o acontecido com um olhar mais crítico, diagnosticando esse desvio no comportamento. De forma paciente, a curto ou a longo prazo, essa investigação tende a trazer a correção, encerrando o círculo e confrontando o meu “eu” para que não caiba mais dentro do papel de vítima que sempre me coloco.

Apenas se culpar pelos erros e repetições não é uma ação produtiva. É preciso aprender a não sofrer e a não se punir sem tomar atitudes que, de fato, modifiquem esse processo. Revisitando a situação que gera o desconforto e investigando suas reais motivações. É preciso ser honesto consigo mesmo, desnudando-se da armadura de proteção que pode estar impedindo o ajuste dessa incoerência emocional. Descubra através do seu próprio diagnóstico, qual pode ter sido o gatilho que foi acionado para desencadear o comportamento vicioso, fazendo com que os mesmos erros sejam sempre cometidos.

Enfim, a transformação interna e pessoal requer atitude. Requer um desejo de mudança que caminha lado a lado com se autorresponsabilizar por suas posturas e comportamentos. Não se justificar através da culpa e assumir os riscos de uma correção são a maneira mais sensata para evitar que essa roda continue a girar como em outras situações anteriores.

Pare de se lamentar. A chave do sucesso dessa ruptura é o autoconhecimento. Só através dele permite-se que a aplicação correta da inteligência emocional seja capaz de enfraquecer suas resistências e limitações para dar lugar às transformações positivas no alcance de um equilíbrio emocional.

Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista

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