21 de dezembro

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Luiz Cláudio Latgé

Jornalista, documentarista, cronista, atuou na TV Globo por 30 anos, como repórter, editor, diretor. Consultor em estratégia de comunicação, mora em Niterói e costuma ser visto no Mercado de São Pedro.
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O coronavírus e o alfabeto grego

Para receber a segunda dose basta levar a carteirinha de vacinação da Covid-19 e um documento de identificação com foto nos locais de vacinação

O brasileiro está quase alfabetizado em grego e ainda não aprendeu o mais importante sobre a Covid: enquanto o coronavírus estiver em circulação, não importa onde no planeta, ninguém estará a salvo. Quer dizer, o enfrentamento da doença não é uma ação isolada, é tarefa de todos e de cada um. De cada um, porque é preciso que cada um faça a sua parte: tome a vacina, o reforço, use máscara, evite situações de risco. E de todos, porque quem não se vacina coloca todo mundo em risco.

Depois de quase dois anos de pandemia, com as informações epidemiológicas difundidas além das fake news, existem apenas duas razões para alguém não ter se vacinado. O negacionismo, qualquer que seja a razão, política, religiosa ou antissocial. Ou a falta de acesso. Nos Estados Unidos não falta dinheiro, mas cerca da metade da população não tomou a vacina, a maior parte nos estados Republicanos de seguidores do ex-Presidente Trump. Na África, a vacina protege menos de 20% da população, e lá a questão é efetivamente a desigualdade.

É a circulação do coronavírus que permite o aparecimento de novas variantes, como esta ômicron, batizada com a décima-quinta letra do alfabeto grego, depois de já termos passado por Alpha, Gama, Delta… Surgiu na África do Sul. Um semana depois de descoberta, já se tornava dominante no país. É uma Variante de Preocupação, como tratam os especialistas. Não há fronteira para a  Covid, por isto a OMS chama de pandemia. Também vem do Grego, se refere a todo o povo, no caso epidemiológico, o planeta.  Por isto, mesmo os países que mais vacinaram estão ameaçados, e o mundo volta a fechar fronteiras e as bolsas caem e já se fala numa quarta onda da doença, quando o mundo parecia voltar ao normal.

Ainda não se sabe o alcance da nova variante. Ela apresenta 25 mutações em relação ao novo coronavírus. O que se sabe até agora é que tem um poder de contágio 20 vezes maior do que qualquer outra variação do vírus.  Mas não se sabe ainda qual a letalidade da doença, se vai produzir efeitos mais graves e mortais ou será menos perigosa que outras cepas, nem se as vacinas desenvolvidas até agora serão efetivas no seu controle. Podemos rezar, torcer, desejar muito que não seja tão agressiva. Mas aí não estamos mais no território da ciência.

O que a ciência nos ensina, com a rapidez que aprendemos o alfabeto grego, é que não há como descuidar do enfrentamento da Covid, em todos os lugares. E se alguém tinha dúvida sobre a adoção de obrigatoriedade da vacina e do passaporte para a entrada em lugares públicos, não há mais razões, agora do latim, ratio, sentido, cálculo, para defender o contrário. Nos próximos dias, veremos este movimento na Europa e nos Estados Unidos. No Hemisfério Norte, estão entrando no inverno, o momento mais crítico do contágio de todas as doenças respitatória. A ação é urgente.  entendimento é que quem não se vacina ameaça a sociedade, do latim, societas.

Ou, em bom português: não acabou, melhor tomar cuidado, enquanto estamos no verão…

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