Barbara Guimarães, de Vitória (ES), comemorou ser a primeira mulher a fazer esse tipo de travessia: “Uma das coisas que mais gosto de fazer é me desafiar, saber o limite em que posso chegar. A travessia me mostrou a força e resiliência que eu tenho. Mesmo com todos desafios e incertezas durante o velejo e remo, tudo foi leve e muito prazeroso, com pessoas que com certeza são mais amigos agora do que quando começou a expedição. Estou muito feliz por ser a primeira mulher a fazer uma expedição dessa magnitude no Brasil, pela importância dessa representatividade e mostrar do que somos capazes.”
– Pra mim um dos momentos mais tensos foi a saída de Grussaí, quando a canoa alagou e eu tinha certeza que ela ia quebrar quando tirasse da água. Mas felizmente a canoa saiu ilesa e conseguimos cortar a ondulação e completar essa pernada que foi a mais longa. Chegamos de noite, com várias dores musculares mas tivemos vários presentes durante o trajeto, como várias aves e golfinhos passando perto da canoa, passamos tranquilamente pelo Cabo de São Thomé, que era um dos locais mais temidos, o pôr do sol do mar foi incrível, de noite vimos estrelas cadentes e algas bioluminescente. Em resumo. Mesmo com alguns perrengues, o céu e o mar sempre nos dava algum presente”-, finalizou.
Tavo Calfat, comentou: “Apesar de ter feito várias travessias à vela, essa foi uma expedição diferente, muito perto da costa, muito perto da água, a canoa é muito baixa e sempre ficamos navegando pertinho da água, com conforto limitado”, disse: “A interação com todos os tripulantes é muito próxima, mais que num barco à vela, então isso tudo dá uma sensação de integração com a natureza muito grande, sensação de felicidade e bem-estar quando a canoa está andando. Conexão com a natureza. Fomos ao longo do tempo entendendo as limitações da canoa para fazer tudo na maior segurança. Fora isso, diariamente tínhamos as missões de embarque e desembarque e acharmos lugares para dormir . É incrível o que a canoa traz, ela traz amigos . Conhecemos pessoas incríveis pelo caminho que nos ajudaram e nos deixaram sem palavras . As pessoas se identificam com a gente, com nosso objetivo , com nosso propósito e sempre acabam ajudando e isso só aumentou a vontade e alegria de passar por tudo isso e atingir o objetivo”, finalizou.
A tripulação:
Douglas Moura, natural de Niterói (RJ), mora em Jurujuba, tem 39 anos, fundador do Icarahy Canoa Clube, Niihau Aventuras Controladas e do Centro de Estudos do Mar. Capitão Amador, co-fundador do Anamauê e desbravador de diversas rotas de navegação de canoa havaiana e polinésia. Ele é atleta de Canoa Havaiana desde 2005. Em competição disputou provas como a Rio VA`A, Santo Amaro, Vendee VA`A (maior da europa e 2ª maior do mundo, na França), Vancouver Island Challenge (Canadá); Lotus VA`A Challenge.
Francisco Viniegra, do Rio de Janeiro (RJ), rema há 15 anos, foi integrante da 1ª tripulação Anamauê, focado em travessias de longas distâncias e atleta de Canoa Havaiana Guido Serafini, de Niterói (RJ), rema há seis meses, é bombeiro (guarda-vidas) , chega para somar no último trecho com a experiência de mar.
Tavo Calfat, natural de Niterói (RJ), 47 anos, desenhista industrial, velejador desde os sete anos e remador de canoa desde os 2007. Passou boa parte da vida em barcos à vela, já realizou travessias oceânicas e inúmeras travessias menores. Na canoa tem títulos na Volta de Ilhabela (SP) e Rei de Búzios (RJ) onde mora hoje em dia. Daniel Gomez Gnone, 25 anos, natural do Rio de Janeiro. Engenheiro de Produção. Fundador do Granolas Mauka e remador do Calango Wa´A. Amante da natureza e do Va´A, tendo sido criado em contato com o mar, desenvolve projetos de reciclagem de plástico para a produção de peças para navegação.
Barbara Guimarães, de 29 anos, nasceu em Sto. André (SP), se radicou e, Vitória (ES), é oceanógrafa, instrutora e atleta de Va´A, do clube CPP Extreme . Apaixonada por canoa havaiana e com experiência de longas travessias.
A expedição contou também com o casal Ranin Thomé e Dayana Gualberto, de Regência (ES). Eles precisaram deixar a tripulação no norte do estado do Rio de Janeiro por questões particulares.
Sobre a Canoa Havaiana
Canoa Havaiana ou Polinésia, são nomes para determinar o esporte que surgiu na região polinésia e que originalmente é conhecido como Va´A, Wa´A ou Waka. A cultura da canoa existe há mais de 3 mil anos e elas foram inicialmente usadas pelos povos polinésios com a necessidade de colonizar novas terras na região polinésia, conjunto de ilhas do Pacífico que incluem Tahiti, Havaí.
No Brasil a cultura da prática do esporte da canoa havaiana ou polinésia só aumenta no decorrer dos anos para travessias, expedições e competições com destaques para clubes de canoas no litoral do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Somente em Niterói, são 33 clubes de canoa com cerca de dois mil remadores.