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Embora distintas em técnicas e linguagens, as mostras que fazem parte da Primeira Temporada do Programa de Exposições 2025 do Centro de Artes UFF convergem na representação do corpo e da figura humana como forma de explorar subjetividades, memórias e tensões sociais.
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Em cartaz a partir desta quarta, 21 de maio, até o dia 13 de julho, as mostras geram reflexão sobre diversos assuntos.Um deles dialoga com os gestos ancestrais de cura, cuidado e acolhimento em uma mostra composta por fotografias de homens negros que remetem; a outra une poesia e pintura que geram reflexões sobre identidade, corporeidade e pertencimento;
Desenhos em grafite inspirados nos perfis de plataformas tipo Tinder refletem sobre masculinidade também por fim, a outra exposição reflete sobre fragmentos de uma humanidade dilacerada retratada em esculturas de braços, olhos, rostos e outras partes de corpos.
Em Afiyé, – palavra de origem iorubá que remete à cura e bem-estar – a dupla Jão&Jota apresenta corpos negros masculinos sob uma perspectiva cuidadosa e afetuosa, desafiando os paradigmas visuais que por tanto tempo os associaram exclusivamente à dor e à exclusão. Em suas fotografias, estes sujeitos são envoltos em afeto, intimidade e cuidado, evocando práticas ancestrais de cura e a possibilidade de existir plenamente.
Nawi da Mata explora a construção contínua de sua própria identidade, onde silêncio, dor, força e sensibilidade se entrelaçam em camadas cromáticas intensas. Na série Registro Geral, a artista amplia sua investigação identitária para o âmbito da memória familiar, operando sobre ausências e silêncios como matéria simbólica. Ao mobilizar o corpo como território de inscrição da memória, a pintura de Nawi convoca reflexões sobre identidade, corporeidade e pertencimento.
Em Match!, Júnia Azevedo, com curadoria de Renato Rezende, reúne uma série de desenhos que apresentam, em tom satírico e bem-humorado, a maneira como homens heterossexuais de meia-idade se expõem e se posicionam em aplicativos de relacionamento.
Com traço preciso e sutileza crítica, a artista revela os discursos afetivo-sexuais e políticos que esses homens — em sua maioria brancos e urbanos — mobilizam ao se apresentarem nessas plataformas. Ao misturar sentimentos como humor, ternura e repulsa, suas obras também abrem um espaço de crítica sobre a performatividade masculina em contextos digitais.
Rodrigo Pedrosa confronta o espectador com a imagem crua de uma humanidade em colapso. As figuras humanas retratadas em suas esculturas materializam a fragilidade da existência humana diante de um mundo que apresenta múltiplas adversidades.
Os corpos esculpidos por Pedrosa tornam-se metáforas contundentes da erosão que atravessa a vida contemporânea — corpos que revelam, em sua matéria corrompida, os sinais de um esvaziamento existencial coletivo. Ao invés de oferecer consolo, o artista escava a ruína e a expõe, como quem nos pede não uma resposta, mas uma pausa: para olhar o abismo e, talvez, reinventar o caminho antes que seja tarde. A curadoria é de Marcus de Lontra Costa.
Ao longo de 2025, o Programa de Exposições ocupará a Galeria de Artes UFF e o Espaço UFF de Fotografia, ambos localizados no Centro de Artes UFF. O programa é fruto da seleção de propostas artísticas por meio de edital de chamada pública.
Data: De 21 de maio a 13 de julho
Abertura: 21 de maio às 18h
Horários: Segunda a Sexta, das 10h às 21h
Sábados e Domingos das 13h às 21h
Local: Galeria de Arte UFF Leuna Guimarães dos Santos
Espaço UFF de Fotografia Paulo Duque Estrada
Endereço: Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí, Niterói.
Entrada Franca
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