20 de abril

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As bikes estão na moda em Niterói; veja como aproveitar, de forma saudável e segura

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Presidente da Associação de Ciclistas do Estado do Rio, Claudio Santos, fala sobre o uso da bicicleta na cidade, as tendências de lazer e saúde e sobre os riscos de roubos
cicloturismo
Aumenta a procura por cicloturismo na cidade. Foto: Reprodução/Instagram

Fáceis de estacionar, boas para o meio ambiente e para a saúde física — e mental —, as bicicletas têm ganhado cada vez mais espaço na vida das pessoas.

A extensão de ciclovias e a implantação da Nitbike tem colaborado para isso. Quem já gostava de pedalar, passou a se sentir mais estimulado em aderir às bicicletas na rotina para um estilo de vida mais saudável.

A frequência das pessoas vão trabalhar de bicicleta também aumentou. Foto: Amanda Ares

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As bicicletas viraram meio não só de ir ao trabalho, à faculdade, mas também para fazer passeios e desbravar lugares e diferentes vistas.

Porém, o aumento de usuários e com mais bikes na rua, aumentou o número de furtos. A incidência do número de furtos é significativa: 59%.

Só em janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados nas delegacias 838 furtos deste tipo de veículo no estado, uma média de 14 casos por dia, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). No mesmo período de 2024, foram 526.

Em conversa com o A Seguir, o Presidente da Associação de Ciclistas do Estado do Rio, morador de Niterói e fundador do Amazonas Bike, Claudio Santos para falar sobre o uso da bicicleta na cidade, as tendências de lazer e saúde e sobre os perigos de roubos e cuidados que devem ser adotados.

A bicicleta usada como lazer. Foto: Arquivo

Confira a entrevista:

A SEGUIR: NITERÓI: A bicicleta tem uma presença cada vez mais forte em Niterói, especialmente após a extensão das ciclovias e a instalação das bicicletas de compartilhamento, a Nitbike. Observamos também um aumento do uso da bicicleta para ir trabalhar. Como você avalia esse crescimento do interesse pelo uso da bicicleta, às vezes, como principal meio de transporte?

Claudio Santos: A bicicleta cresceu muito em Niterói porque deram ferramentas para que as pessoas pudessem usar a bicicleta da forma ideal. A segurança aumentou muito, as ciclovias, os bicicletários, as bicicletas compartilhadas.

As pessoas perceberam que nos centros urbanos com uma densidade absurda de população e, claro, trânsito caótico, você consegue ir de um ponto até outro de bicicleta mais rápido que de carro às vezes. E você ainda curte mais sua viagem não fica preso em engarrafamento, faz um exercício, sente aquela brisa, aquelas sensação de liberdade.

Sem falar no custo do combustível, da facilidade de andar de bicicleta. Niterói foi pela direção correta. Ela fez como Amsterdã, Copenhague. Investiu na bicicleta e está conseguindo mudar o perfil do usuário.

Antes muita gente andava de carro. Agora algumas dessas pessoas estão optando por usar a bicicleta como meio de locomoção porque experimentou e gostou.

– Na Amazonas Bike, há dados que revelam o aumento da procura na cidade?

Sim, conseguimos constatar um aumento. A gente dobrou o número de bicicletas vendidas. Os serviços também dobraram, peças, acessórios. Esse aumento também é sentido no comércio. Na pandemia, a coisa cresceu demais.

Pós -pandemia, criou uma bolha também porque muita gente comprou bicicleta e acabou não usando e depois vendeu barato. Essa bolha foi sentida também. Muita loja abriu na pandemia e acabou fechando no pós-pandemia. Isso também é uma realidade.

– A bicicleta também tem sido um veículo que as pessoas procuram muito para lazer, não só para fins de exercício físico. Quais são as situações em que você vê o maior uso de bicicleta nesse caso?

Na área esportiva cresceu muito o ciclismo, como forma de lazer no fim de semana, para passear com a família, para ir para a Região Oceânica, que cresceu muito após a construção do Túnel Charitas-Cafubá, para ir à praia, e, claro, para fazer exercício.

A vantagem da bicicleta – e por isso os médicos indicam muito – é que ela não tem impacto, como a corrida e a caminhada. O impacto detona o joelho e as articulações, o calcanhar, a canela, os pés. E com isso, você pode fazer longos passeios sem desenvolver esses problemas.

Na verdade, os médicos indicam a bicicleta como fisioterapia para os joelhos porque fortalece a musculatura envolta do joelho.

– Como tem sido os passeios ciclísticos? A sensação é que a oferta aumenta a cada ano. E a procura também. Como você enxerga a recepção do público com esses passeios que percorrem distâncias mais longas?

O cicloturismo cresceu muito. Muitas pessoas têm aderido aos passeios, aos pedais mais longos e os mais curtos também. Tivemos um passeio nesse mês que saiu do Skatepark, que teve uma galera interessada de outros municípios. Gente de longe. Interessada no cicloturismo de Niterói. As pessoas querem conhecer a cidade de bicicleta, querem pedalar, praticar o ciclismo, cada detalhe da cidade.

E Niterói é muito propícia para isso. Depois da construção do túnel Charitas-Cafubá, ela ficou plana. Você pode ir de um ponto a outro da cidade sem subir muito, sem pegar longas subidas, que é o que desgasta mais a galera.

Os nossos passeios no Amazonas Bike têm multiplicado a quantidade de participantes a cada edição.

– Qual foi a experiência que mais te marcou num passeio de bicicleta?

A bicicleta faz parte da minha vida. Eu respiro bicicleta desde os cinco anos de idade quando ganhei a primeira berlineta do meu pai e desde então não consegui mais parar de andar. Foram muitos anos com minha Caloi.

Até que comecei a usar as mountain bikes, provas de aventura, participei de ciclismo durante muito tempo. Organizei muitos eventos, muitas provas de ciclismo.

Fui presidente de federação durante 8 anos. Respirei a bicicleta durante toda minha vida. Sou autor de dois livros:  A bicicleta é a cara do Rio e O Rio Pedala – a Fecierj e os Novos Rumos do Ciclismo Carioca.

Eu sou muito grato por tudo que a bicicleta me deu e continua me dando.

– Há algum projeto em vista no Amazonas Bike que você possa adiantar para gente?

Eu quero muito voltar com o projeto “Sonhando acordado”, que é coletar as bicicletas velhas e abandonadas nos prédios e dar para as crianças de comunidades. A gente senta com eles e ensina a consertar e entrega a bicicleta para que eles possam andar.

Outro projeto que gostaria muito é escolinha de ciclismo para ensinar a garotada a andar. Não só para ensinar as crianças a andar sem rodinha, como a praticar o mountain bike, o ciclismo, BMX, para que a gente possa garimpar a garotada e transformá-los em campeões.

A gente tem também o bicicultura que vamos realizar em Niterói pela primeira vez. O BikeFest, que já está em curso, que estamos incluindo várias modalidades de bike, criando competições.

– A bicicleta para você é… 

A bicicleta é minha própria vida.

– Existe uma faixa etária que predomina na procura pelas bicicletas?

Antigamente a procura era maior para crianças. Os pais procuravam pensando nas crianças. Hoje é mais para adultos, de mais idade. Pessoal com 50+ está pedalando muito. Isso porque os médicos recomendam a bicicleta como exercício ideal.

– Um fator que deve ser levado em consideração é o aumento do roubo e furto das bikes

É a contraindicação, né? Todo remédio tem uma contraindicação.  A bicicleta é um grande remédio para a saúde, para a cidade, para a mobilidade, mas a contraindicação foi o aumento do roubo.

São muito mais bicicletas nas ruas, muito mais gente utilizando e o aumento do roubo.

Mas dá para fazer um seguro na bike. Tem umas trancas ideias que é aquela tranca com trava em “u”, um cadeado de aço maciço, que dá uma segurança maior.

Para os cadeados de aço maciço, para que os ladrões possam cortam, eles têm que usar uma serra e isso demora, pelo menos meia hora, além de chamar a atenção para as pessoas em volta. Alguém pode ver essa cena e denunciar para a polícia. Enfim, é o que a gente tem de melhor. Recorrer a bons cadeados.

– No Estado do Rio, a capital e Niterói figuram como as cidades com mais registros de furtos de bicicleta. Ao analisar os casos em todas as delegacias, a 14ª ficou no topo, seguida pela 77ª DP (Icaraí), 76ª DP (centro de Niterói), 12ª DP (Copacabana), 16ª DP (Barra da Tijuca) e 9ª DP (Catete). O que explica uma cidade tão pequena e segura como Niterói ter esses números de roubo tão alarmantes?

Em Niterói é diferente do furto no Rio. Porque aqui as pessoas amarram a bicicleta em qualquer lugar com aquele cadeado de travas. Infelizmente, devem ter quadrilhas que estão usando aqueles alicates enormes que vai lá e corta o cadeado. A segurança pública tem que olhar para isso.

No Rio, infelizmente, é ainda pior, os ciclistas são abordados com alguma faca ou até arma de fogo.

– O que você recomenda para uma pessoa quando for andar de bicicleta? Quais são as protocolos de segurança? Os pontos chaves que as pessoas devem se atentar na rua com as bikes?

O que eu oriento: cuidado onde você amarra a sua bike. Não amarra todo dia no mesmo lugar e com um cadeado frágil.

E o Estado tem que fazer o papel dele. Prender essa quadrilha, quem está fazendo isso.

Andar de bicicleta em grupo também é bom. Um ajuda o outro. Se furar pneu, dá para um auxiliar o outro. Também tem a questão do companheirismo.

Não é recomendado também andar nos locais escuros, com pouca movimentação, pouco comércio.

Sugiro também fazer um seguro. Costuma ser menos de 10% do valor da bicicleta para você ficar tranquilo o ano inteiro.

– Você é Presidente da Associação de Ciclistas do Estado do Rio. O que carrega com essa experiência?

Na Associação de Ciclistas do Estado do Rio, eu aprendi muito sobre a questão da mobilidade, com os entregadores, com o pessoal que usa a bicicleta como meio de transporte para a escola e para o trabalho.

Fui Presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro por oito anos, depois fui para Confederação Brasileira de Ciclismo, onde fiquei por quatro anos, e agora estou há quatro anos na Associação de Ciclistas do Estado do Rio.

Todas essas experiências colaboraram para uma visão diferente porque cada entidade tem uma pegada diferente. Eu fui aprendendo um pouco com cada uma.

Quanto mais a gente aprende, mais a gente consegue lidar com cada situação, cada demanda.

 

 

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