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Movimento abaixo do previsto e usuários se surpreendendo com a redução da tarifa. Assim foi o início da operação da linha aquaviária que liga Charitas (Niterói) à Praça XV (Rio) com tarifa a R$ 7,70, na manhã desta quinta-feira (6).
O movimento estava em clima de “soft opening”, uma espécie de teste para o “movimento real”, esperado para a próxima segunda-feira (10), quando o Carnaval, de fato, já terá terminado.
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Nas primeiras horas de funcionamento da linha, usuários que utilizam o catamarã regularmente não estavam acreditando muito que, de fato, o preço da passagem de R$ 21, fosse cair para o mesmo valor da linha Arariboia-Praça XV.
Foi o que o A Seguir constatou, ao conversar com (apressados) passageiros, que mal paravam para expressar suas opiniões, de olho no sinal verde acima das catracas, que indica embarque em andamento.
– Eu pego o catamarã todos os dias. Não acreditava que o preço da passagem ia diminuir. Vamos ver se a empresa vai cumprir a demanda que deve aumentar – disse o engenheiro André Matola, morador de Itaipu.
Quase a mesma coisa disse a assistente administrativa Bianca Pinto.
– Eu não estava acreditando que a passagem ia ficar mais barata. Vi o novo preço agora que cheguei para embarcar. Estou achando ótimo. Vou conseguir fazer uma boa economia – disse ela que mora em Itaipuaçu.
O casal Maria José e Gabriel estava dividido. Ela acreditava, mas ele não, que o valor da passagem seria reduzido.
– Se o trajeto de Charitas para a Praça XV é um pouco mais longo do que da estação Arariboia, como pode a passagem dos dois lugares custar a mesma coisa? Que planilha de custo é essa? Mas é sempre bom pagar menos – disse Gabriel.
O primeiro catamarã parte de Niterói para o Rio às 6h30, com intervalos de 20 minutos. Nesta quinta-feira pela manhã, quem chegava para embarcar nos primeiros horários geralmente desembarcava de carros particulares.
Um pouco depois das 7h, chegaram mais usuários que desembarcaram de transporte público, no caso, ônibus. A prefeitura organizou uma área de embarque e desembarque, tanto para ônibus quanto para carros, bem na frente da estação Charitas e criou, também, um ponto fixo de táxi para três veículos.
De olho no movimento desse primeiro dia estavam vários funcionários do consórcio Barcas Rio, da prefeitura e do governo do estado. Informalmente, alguns avaliaram o movimento do primeiro dia como abaixo do esperado.
Na opinião do diretor da Nittrans (Niterói Transporte e Trânsito), Ruy França, a nova tarifa já atraiu novos usuários para o catamarã. Porém, o movimento “real” só será verificado a partir da próxima segunda-feira (10):
– Ainda tem muita gente fora da cidade por conta do Carnaval. Mas pude ver que a nova tarifa atraiu novos usuários porque várias pessoas pararam para me pedir informações, não estavam habituadas a pegar o catamarã – contou ele que foi conferir se a área de embarque e desembarque estava “funcionando” corretamente.
Giuseppe Paura, que trabalha na sua banca de jornal em Charitas desde que a estação inaugurou, há 20 anos, tem certeza que a nova tarifa já está atraindo novos usuários para o catamarã.
– Hoje já tem mais gente diferente do que estou acostumado a ver todos os dias – disse ele.
Segundo Paura, a melhor fase do seu negócio, no local, começou cerca de um ano após o início da operação, quando foi implantado o bilhete de integração ônibus-barca (a tarifa resultava em valor menor do que se as passagens fossem compradas separadamente). Ele contou que, até a pandemia do Coronavírus, os negócios estavam indo bem. Depois, porém, “foi um desastre”.
– Muitas pessoas morreram, muitos passaram a trabalhar de casa ou foram dispensadas, mesmo. E ainda teve o aumento da passagem – observou.
Aos 87 anos, Paura tem certeza que dias melhores virão para seu negócio com a redução do preço da tarifa do catamarã. Apesar do seu nome (paura, em italiano significa medo), ele disse que nunca pensou em desistir do seu trabalho. O contrato de sua loja vai até fevereiro do ano que vem e ele pensa em cumpri-lo até o último dia. Depois, planeja descansar. A menos que o movimento faça ele repensar seus planos:
– Com minha idade, não tinha outra opção a não ser ficar aqui. Fui adaptando o negócio e fiz clientela. O que mais vendo são itens de tabacaria porque jornal e revista praticamente não existe mais. Espero que Deus me dê saúde para honrar meu contrato. Se o movimento ficar muito bom, eu decido o que vou fazer.
Ao lado da banca de jornal existem duas cafeterias, inauguradas após a pandemia. Na estação, também funciona o restaurante Olimpo, instalado no local há cerca de 20 anos.
Carro – Para quem pretende usar o catamarã, chegando na estação de carro, a diária mais barata é a cobrada no estacionamento subterrâneo da prefeitura: R$ 10. O estacionamento com pouquíssimas vagas, na própria estação, sai por R$ 25 a diária e um outro particular, ao lado, cobra R$ 30.
Ônibus – A estação Charitas fica em frente a uma parada do Transoceânico. Outras linhas, agora, também têm ponto na frente da estação.
Bicicleta – Ciclistas devem ficar atentos porque as barcas que partem de Charitas são diferentes das utilizadas na linha Arariboia. As embarcações têm capacidade apenas para até cinco bicicletas dobráveis.
A grade horária das viagens segue a mesma. No sentido Charitas – Praça XV, o intervalo de embarque é de 20 minutos, com a primeira saída às 6h30 e a última embarcação sai às 20h10.
A linha não opera entre 12h e 16h, e não há circulação nos fins de semana e feriados. No sentido Praça XV – Charitas, o intervalo de embarque é o mesmo; a primeira saída é às 7h e a última às 21h.
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