A conta do calor. Moradores de Niterói se assustam com contas de luz

Seiscentos reais. Setecentos. Mil reais. Moradores de Niterói se assustaram com as contas de energia da Enel nestes dias de calor. O custo do conforto do ar refrigerado apareceu forte nas cobranças. É que não é apenas o consumo que aumenta: com ele, sobem as faixas de consumo, empurrando o consumidor para tarifas mais altas, e ainda os impostos. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é um imposto estadual, por exemplo, sai de 18% e passa para 24% quando ocorre consumo de energia superior a 300kWh no mês.

A Enel, responsável pelo fornecimento de energia elétrica, em Niterói e em outros 65 municípios do estado do Rio, tem enfrentado oscilações nos serviços e foram frequentes as quedas de luz como aconteceu recentemente na Região Oceânica de Niterói. A empresa atribui  os problemas, além do aumento da temperatura, ao furto de energia. Segundo a concessionária somente este ano, foram identificados mais de 14.500 irregularidades. A Enel adverte que as ligações clandestinas sobrecarregam a rede e contribuem para causar interrupções no fornecimento de luz e graves acidentes, como incêndios.

O tamanho da conta

ar refrigerado, geladeira, ventiladores aparecem entre os vilões na hora de explicar o aumento da conta de energia. Mas a combinação de fatores para a explosão das contas de luz é perversa. são muitos os fatores que entram na conta, além da tentativa de fugir do calor. O sistema de bandeiras relacionado aos estoque dos reservatórios é um deles, assim como o acionamento de termoeletricas. O sistema de faixas de consumo também pune o consumidor, quando foge da rotina e tenta se refrescar. A  mudança de categoria por ter um impacto de até 30% na cobrança. E ainda tem os impostos, que obedecem à mesma lógica, como se a mudança de estações não fizesse parte da vida do cidadão.

No caso do aumento de consumo, a concessionária dá algumas dicas para não deixar a conta de luz subir demais. Para a diretora de Mercado da Enel Rio, Ana Teresa Raposo, o verão é a época ideal para que os clientes adotem novos hábitos de consumo, que vão ajudar a reduzir o valor da conta de luz. “São medidas simples, mas eficazes, como diminuir a temperatura do chuveiro elétrico, evitar o uso do micro-ondas para descongelar alimentos e o abre-fecha da geladeira com frequência e utilizar os aparelhos de ar-condicionado com consciência. Também é muito importante verificar as instalações internas da residência, pois instalações antigas, com fios velhos e emendas, aumentam o desperdício e deixam as contas mais caras”, explica.

Furto de energia

A Enel Distribuição Rio chama atenção também para o aumento do furto de energia neste período do ano. Foram mais de 14.500 registros este ano. As ligações clandestinas prejudicam a rede de distribuição elétrica, em função da avaria dos equipamentos e sobrecarga do sistema. Neste ano, que não chega a dois meses completos, 74 transformadores danificados e tiveram que ser substituídos; o que representa mais de um equipamento impactado por dia.

– Temos um impacto severo das ligações clandestinas, que acabam sobrecarregando a rede, que é dimensionada apenas para os clientes regularizados. Além de causar desarmes no fornecimento de luz, que acabam deixando todos os clientes sem energia nos dias de grande calor, as ligações clandestinas são perigosas e representam risco de incêndios, que podem se transformar em grandes tragédias -, adverte o diretor de Redes da Enel Rio, José Luís Salas.

Em 2025, os municípios de Magé e São Gonçalo lideraram o ranking de furto de energia entre as 66 cidades da área de concessão da Enel Distribuição Rio. Nos dois primeiros meses deste ano, os municípios registraram, respectivamente, 39,4% e 38,4% de perdas de energia, o que significa que quase 40% de toda a energia distribuída pela empresa nessas duas cidades foi perdida, principalmente por causa das ligações irregulares. A cidade de Araruama é a terceira colocada no ranking de furtos, com 28,76% da energia perdida.