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O ano mal começou e Niterói já enfrentou três ondas de calor – períodos de cinco dias com temperaturas elevadas. A cidade já apareceu mais de uma vez como a mais quente do Brasil no monitoramento do Instituto de Pesquisas Meteorológicas. Na segunda-feira (17), foram 42,2 graus, um recorde histórico.
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Um bloqueio atmosférico barra a ocorrência de chuvas há pelo menos 15 dias. Não é uma situação isolada, é um sinal de que já estamos vivendo os extremos climáticos. A avaliação é da vice-prefeita de Niterói e secretária municipal do Clima, Defesa Civil e Resiliência, Isabel Swan, que expõe a estratégia do município para enfrentar os riscos do aquecimento global.
Não é uma tarefa simples e prevê planejamento e ações coordenadas. Não é por casualidade que foram agrupadas as secretarias de Clima e Defesa Civil. Niterói conta ainda com um observatório meteorológico e um plano de obras para saneamento e contenção de encostas.
Também fazem parte da prevenção a redução da queima de combustíveis com a compra de ônibus elétricos, a construção do VLT, Veículo Leve sobre Trilhos, e o estímulo à bicicleta. Além disso, é preciso conscientizar e mobilizar a população para enfrentar o problema, nas escolas e nos grupos de voluntários. Tudo se conecta.
Mas talvez a melhor estratégia para a cidade, seja a preservação da vegetação. Numa cidade que tem 56% de seu território preservado, as árvores são uma boa proteção.
O prefeito Rodrigo Neves visita o Centro de Monitoramento e Operações da Defesa Civil com Isabel Swan e coronel Walace Medeiros.
Isabel conversou com o A Seguir Niterói acompanhada dos secretários adjuntos coronel Walace Medeiros, coordenador da Defesa Civil, e Luciano Paes, que esteve à frente da secretaria do Clima na gestão passada. Foi ele que anunciou que entre as medidas previstas está o plantio de 5 mil árvores no Parque Orla de Piratininga. Nos planos da prefeitura, até a árida avenida Amaral Peixoto terá árvores.
A primeira pergunta é inevitável: a cidade está preparada para as emergências climáticas? A Vice-prefeita e secretária do Clima responde com determinação: está! “Niterói vem se preparando há algum tempo, pelo menos 12 anos”. A lista de ações é grande e passa pela preservação da vegetação, saneamento e obras de contenção.
Mas há um trabalho de planejamento que é permanentemente atualizado. Nesta semana, o calor acima de 40 graus fez com que a prefeitura criasse pontos de hidratação, no Largo da Batalha, no Terminal Sul, Terminal João Goulart e Praça Arariboia, no Horto do Fonseca e no Campo de São Bento.
– Essa é uma medida de emergência. Mas devemos pensar em criar um sistema permanente de pontos de hidratação na cidade, tornando mais fácil o acesso à água – explicou.
Isabel Swan destaca que as medidas adotadas fizeram de Niterói uma referência no debate sobre as ações de sustentabilidade. “Foi a primeira cidade a ter uma secretaria do Clima”, ainda na gestão de Axel Grael. O município também conta com um observatório meteorológico, que também atende outras cidades e monitora o tempo num raio de 100 quilômetros. A análise dos dados e os estudo das séries históricas permite mais eficiência no planejamento.
O coronel Walace Medeiros, que coordena a Defesa Civil, destacou que graças a este sistema é possível emitir alertas de chuva forte, de ventos, de risco de incêndios, cuidados para a população. As informações permitem saber qual o volume de chuva para alagamentos, por exemplo. E permitem alertas preventivos. Ontem mesmo, o sistema de sirenes foi testado pelo prefeito Rodrigo Neves.
O sistema de meteorologia de Niterói permitiu que a cidade se conheça um pouco melhor. Nos recentes recordes de calor, as temperaturas mais altas foram verificadas no Barreto. São sete pontos de medição. O mais quentes são do Centro e do Barreto. As menores temperaturas aparecem na Região Oceânica.
Da mesma forma, é possível estabelecer que os bairros que apontam para o sol ao Norte são os mais suscetíveis a incêndios, por estarem mais expostos ao sol. Como São Francisco, Vital Brasil e Fonseca.
Isabel enfatiza, ainda, que é importante a consciência da população.”É preciso levar estas informações para as escolas, aumentar o letramento ambiental, reforçar o treinamento dos grupos de voluntários. ” Neste ponto, Niterói conta com vários grupos de suporte nos bairros que são orientados para atuar como fiscais e alertar para situações de risco, preparados para agir em caso de emergências.
Desta vez é Luciano Paes que entra na conversa. Ele destaca que existem demandas urgentes, como o combate ao fogo, a distribuição de água, como assistimos esta semana. A prefeitura também determinou a mudança dos horários de trabalho das equipes de rua, para reduzir a exposição ao calor. E atenção nas escolas com a atividade física das crianças.
Mas reforça a necessidade de planejamento e de uma visão de construção da cidade de longo prazo. “O ano passado nós tivemos o ano mais quente da história e este ano deve ser mais quente ainda. É preciso fazer mais, sempre.” Como exemplo, ele cita o plantio de cinco mil árvores previsto para o Parque Orla de Piratininga. ” Este tipo de ação melhora o microclima.”
Niterói, enfatiza Isabel, tem um plano de ação climática. E confia na participação dos moradores no esforço para reduzir os impactos dos extremos climáticos. Destaca a criação de um aplicativo para as emergências e o treinamento para voluntários. Confia no trabalho que está sendo feito.
– A temperatura hoje foi mais baixa, teve uma queda. Vamos esperar que melhore nos próximos dias. Mas a previsão ainda é de calor e sem chuvas -, diz, como para lembrar que a ação precisa ser permanente, reforçada a cada dia, e focada na sustentabilidade.
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