Quinta-feira, 11 de novembro. Verão no hemisfério Sul. Caldeirão em Niterói: 47 °C nos termômetros de rua, castigados pelo sol a pino. Tem um certo exagero neste número, mas expressa a sensação da população exposta ao sol no meio da rua. Na medição oficial foram “só”40,1°C, às 14 h, a temperatura mais alta do ano na cidade, registrada no Barreto. Depois que o município ampliou os pontos de medição da cidade, Niterói passou a figurar na lista de lugares mais quentes do estado, posto antes reservado a Bangu ou Realengo, no Rio.
O aquecimento global indica que não vai mudar, talvez piore. Este ano já tivemos 39,7°C, em 17 de março, e 39,6°C, em 2 de outubro. Parece que nem a brisa do mar vai nos poupar de feever nas ruas da cidade. Este é o ponto: como vivemos o calor intenso, em Niterói?
Vale fazer um exercício: onde você gostaria de estar nestes dias quentes? Na praia, está certo, mas não é assim na vida real. Em casa ou no trabalho, protegidos por aparelhos de ar condicionado. Não é para todo mundo, mas é uma opção para quem pode. O problema é que em Niterói não basta pagar a conta: a Enel nem sempre entrega o serviço prometido. Na quinta-feira, por exemplo, faltou luz em vários bairros e até o abastecimento de água foi prejudicado. Sem ar, e sem ducha. Mas a realidade de metade da população é encarar a rua para o trabalho. E não há lugar mais quente que o asfalta. É onde nos reunimos todos os dias: na rua, a caminho do trabalho, de carro ou de ônibus; engarrafados, todos. No transporte público o problema se agrava, porque a espera pelos ônibus só tem aumentado nos últimos anos, a espera nos pontos só aumenta e são raras as paradas que abrigam a multidão de passageiros. Briga-se por uma sombra.
O dia 28 de novembro, neste sentido, reflete bem a forma que temos enfrentado o calorão: sem luz, engarrafados no trânsito ou esperando ônibus que não passam em pontos que não oferecem abrigo. É comum ver na cidade como as agências bancárias e lojas viraram refúgio para quem trabalha na rua e tenta se esconder do calor. Até que os serviços on line acabem com as sombras da cidade. Fazer o quê: quer sombra e água fresca?