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Em cartaz em Niterói, ‘Eu sou um Hamlet’ reflete sobre uma sociedade estruturada no racismo

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Peça recebeu indicação ao Prêmio Shell na categoria “Música” e marca o retorno do ator Rodrigo França ao teatro cinco anos após ter interpretado Martin Luther King Jr. nos palcos
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Peça estreia no Teatro da UFF e recorre às falas de Hamlet para falar sobre o tempo violento e de segregações. Foto: Divulgação/UFF

Logo após receber a indicação ao Prêmio Shell na categoria “Música”, assinada na peça por Dani Nega, o monólogo “Eu sou um Hamlet” entra em cartaz neste sábado, dia 12 de outubro, às 20h, no Teatro da UFF, em Icaraí.

Com direção de Fernando Philbert, a peça marca o retorno do ator Rodrigo França ao teatro cinco anos após ter interpretado Martin Luther King Jr., agora na pele do clássico personagem conflituoso de William Shakespeare. Os ingressos estão à venda na plataforma Guichê Web e na bilheteria do Centro de Artes UFF.

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Ao recorrer às falas de Hamlet, a montagem reflete o tempo violento e de segregações que persiste na atualidade. Também levanta questionamentos sobre as relações humanas e a sua própria condição de humanidade, especialmente enquanto homem negro no Brasil em sua jornada de autoconhecimento.

A tradução foi realizada por Aderbal Freire-Filho, Wagner Moura e Barbara Harrington para o texto do bardo. Já a adaptação foi escrita por Jonathan Raymundo, Philbert e França – os dois últimos retomam a parceria iniciada no espetáculo “Contos Negreiros”.

– Shakespeare foi popular em sua época, o século XVI, ao encenar peças que se comunicavam com os mais diferentes tipos de pessoas, de nobres a populares. Não será diferente em nossa montagem. Não gosto da arte para poucos, com muros. Quero que a tia do Complexo do Alemão saia do teatro contemplada, assim como a madame do Leblon – ressaltou Rodrigo França. Junto de Fernando, ele teve  a ideia da montagem durante um papo no bar que levava o nome do pai de França, na Lapa.

Para Rodrigo, estar à frente desta montagem é importante, sobretudo, para mostrar que os artistas negros podem fazer qualquer personagem.

– E é incrível pegar este texto, que reflete o ser humano, e colocar no corpo e na voz de um ator negro. A peça respeita a obra de Shakespeare e, mesmo assim, sugere outros lugares que ainda não foram mostrados. Porque amor, ódio, fúria e vingança são pautas universais, mas que diferem pela subjetividade que cada grupo propicia. Tais sensações são naturais, mas como se sente é construído socialmente. Este homem negro buscando descobrir quem matou seu amado pai vai para outro contexto – completou.

Para o ator, que divide seu tempo ainda como diretor, debatedor, filósofo, autor e escritor, a população negra ainda está em busca de ser humanizada no Brasil.

– Só é tratado como humano aqueles que tem dignidade em suas estruturas. Estamos longe de uma equidade para existir uma reparação de nossas mazelas causadas pela escravização. Contextualizando ‘Hamlet’, os nossos fantasmas (ancestrais) ainda clamam. O Hamlet de Shakespeare quer vingança; no Brasil, os diversos ‘Hamlets’ só querem justiça. Imagina se quisessem vingança? Não posso dispersar, pois os meninos estão morrendo lá fora. E temos muito o que fazer – concluiu.

Serviço:

Datas: 12 e 13 de outubro
Horários: Sábado às 20h / Domingo às 19h

Local: Teatro da UFF
Endereço: Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí, Niterói

Ingressos: R$ 40 (inteira) – R$ 20 (meia)
Canais de venda: Guichê Web e Bilheteria

Duração: 60 min

Classificação: 12 anos

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