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A Prefeitura de Maricá inaugurou a primeira farmácia viva da cidade, localizada na Fazenda Nossa Senhora do Amparo, no Caju. A iniciativa, que é uma parceria da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), visa o cultivo de plantas com propriedades medicinais para transformá-las em medicamentos, chás, óleos, essências e outros produtos 100% naturais.
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– São 200 hectares onde cultivamos um futuro melhor para Maricá. Porque não adianta ter empresa e emprego sem conservar o meio ambiente. Aqui se desenvolve uma relação com a natureza que é ancestral e que vinha se perdendo diante dos remédios industrializados. A porteira da fazenda estará aberta para que a população de Maricá tenha acesso aos fitoterápicos e toda a assistência para usá-los, com apoio de profissionais de saúde – afirmou Hamilton Lacerda, presidente da Codemar.
A ação compõe o Farmacopeia Mari’ká, Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento & Informação (PD&I), que é executado dentro da Fazenda, com o objetivo principal criar condições tecnológicas e seguras para o uso das plantas medicinais e a ampliação do acesso da população a produtos fitoterápicos tradicionais visando o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), de Maricá.
João Araújo, engenheiro agrônomo e superintendente de gestão integrada do projeto Farmacopeia Mari’ká, destacou a importância de desenvolver o projeto dentro da cidade:
– Este é um projeto amplo, de produção de plantas medicinais voltadas para produção de produtos para integrar na saúde dos munícipes. A partir da articulação com a Secretaria de Saúde, nós iremos disponibilizar drogas, xaropes, e repelentes para uso e distribuição para a população.
O contrato de cooperação assinado em dezembro de 2022, entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Codemar, é regulamentado pela Lei federal 10973/2004, que permite a interação entre setores distintos, estabelecendo medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do país.
Ricardo Berbara, professor da UFRRJ e atualmente coordenador geral do projeto Farmacopeia Mari’ká, explicou que a parceria da Universidade com Maricá, será fundamental para geração de empregos e melhoria da saúde do município.
– Esta é uma iniciativa que visa estimular a produção de produtos de origem vegetal que tenham destino a rede SUS da cidade, através dos fitoterápicos, além de permitir que empresas se aloquem aqui na região, gerando empregos baseados na criação de produtos que terão fins terapêuticos. É um projeto estratégico para a região, e nós estamos muito esperançosos que esse projeto fique sólido das raízes no município de Maricá – disse o professor.
O projeto também tem como objetivo possibilitar o desenvolvimento de um novo negócio na cidade, a produção fármacos, que são ingredientes ativos para produção de farma, visando atrair empresas para o município no futuro utilizando o cultivo produzido por agricultores de Maricá. Entre as plantas que compõem o local, estão hortelã, aroeira, arruda, alecrim, boldo, , camomila, capim-limão, linhaça, lavanda, cardo mariano, palma rosa, bardana, tomilho, erva cidreira, erva baleeira e manjericão. Estas, no entanto, não são simples mudinhas. Elas foram selecionadas e melhoradas.
A ideia é que, futuramente, o espaço receba um campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A intenção é disponibilizar cursos técnicos e mestrados no município através de trabalho conjunto entre as duas instituições, que já colaboram com os projetos Inova Agroecologia Maricá e Farmacopeia Mari’ká.
Fazenda Nossa Senhora do Amparo
A área de 200 hectares (Equivalente a 2 milhões de m2), atua na conservação da biodiversidade e abriga diversos projetos em desenvolvimento. Para produzir plantas medicinais, o cultivo precisa ser totalmente orgânico, sem uso de agrotóxicos e outras substâncias que poderiam contaminar o medicamento.
Os campos de cultivo, viveiro de mudas e estufas automatizadas, onde são produzidas as plantas medicinais do projeto Farmacopeia Mari’ká, têm a missão de promover o uso de fitoterápicos na rede SUS de Maricá e também de abrir caminho para novos negócios na cidade, como fornecedora de insumos para a indústria farmacêutica e de cosméticos.
Já foram instaladas duas estufas automatizadas e dois viveiros de mudas, totalizando 860 metros quadrados para cultivo de diversas espécies adaptadas a Maricá, como feijões, cana-de-açúcar, manjericão, guaco, carqueja, cavalinha, camomila, alecrim, lavanda, erva-baleeira, pimenta rosa, pitanga, araçá e jaborandi.
A Fazenda Nossa Senhora do Amparo foi a primeira da cidade a conseguir a certificação orgânica, o que indica que os alimentos produzidos no local estão de acordo com os regulamentos da agricultura orgânica.
Para que servem as plantas, segundo a Farmacopeia Mari’ká
Alecrim – para o fígado e depressão
Aroeira – azia, gastrite e cistite
Arruda – dores reumáticas e varizes
Camomila – calmante, indutora do sono
Capim limão – estresse, ansiedade
Capuchinha – antibiótico, tônico e digestivo
Carqueja – pressão e diabetes
Cavalinha – diurético, osteoporose
Citronela – repelente, aromaterapia
Endro – imunidade, anemia
Erva baleeira – anti-inflamatório, dores
Erva cidreira – pressão alta, vitaminas B e C
Guaco – tosse, asma, bronquite
Hortelã pimenta – reduz gases, digestivo
Jaborandi – glaucoma, tônico capilar
Lavanda – ansiolítico, aromaterapia
Losna – vermífugo, gases
Macela – relaxamento, estresse
Manjericão – enxaqueca, insônia, acne
Maricá – asma, bronquite, febre
Menta – detox, respiratório
Orégano – imunidade, cólica menstrual
Pitanga – diabetes, vitaminas A, B e C
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