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Hoje o despertar foi diferente. Após uma pausa para um café gelado com misto quente, uma reunião por chamada de vídeo e uma aula de pilates para dar o gás que faltava, o destino não foi o computador (ufa), a coluna agradece. O encontro era com a “roxinha“, a mais nova bicicleta compartilhada de Niterói, a NitBike, inaugurada nesta quinta-feira (4), na cidade.
Leia mais: Serviço de bicicleta compartilhada já está disponível em Niterói
A convite do A Seguir, tracei minha rota com antecendência e para poupar burocracias e dor de cabeça, baixei o aplicativo da NitBike na noite anterior. O processo é ágil: basta preencher uma ficha cadastral com dados como cpf, e-mail, data de nascimento e cartão de crédito.
Mas atenção: o passeio é gratuito por 1 hora. O trajeto fica a critério do usuário, desde que a bike seja entregue em qualquer estação neste intervalo de tempo. Caso dê vontade de andar mais, é preciso esperar 15 minutos para retirar uma nova bike. Mas vamos ao relato do passeio.
Optei por começar meu percurso na Praia das Flechas. Ao chegar à estação – em frente à Praça César Tinoco e próxima ao H Niterói e ao mercado Pão de Açúcar – entro no aplicativo. Clico em “Estações'”, seleciono “Praia das Flechas” e numa questão de segundos ele já me direciona para uma bike, a de número 4.
Diferente do sistema do Rio, não é necessário ler um QR Code para essa operação. Após selecionada a bike, aleatoriamente pelo sistema, esperei destravar. Também não demorou muito e logo o sinal apitou e a bike destravou. Pronto, era só puxar e começar minha viagem. No mesmo momento, o aplicativo já começou a contar meu tempo em viagem.
Obs: O sistema permite escolher a bike que será utilizada, basta arrastar para o lado e escolher o número da bike.
Legal de citar é que também é possível reservar uma bicicleta de qualquer estação (ela fica 5 minutos disponível), desde que o usuário tenha concluído o processo de cadastro do cartão de crédito.
A intenção era andar por toda a Orla de Gragoatá e finalizar no Centro, para uma visão mais macro do produto e para uma experiência mais completa.
O primeiro ponto, mais turístico impossível, foi o MAC. Logo depois, passei pela praia da Boa Viagem e sua vista para o Rio de deixar qualquer um desconcertado, ainda mais quando o tempo colabora e nos presenteia com um céu azul, sol e um clima pouco abafado. O ventinho já sabia, logo me aguardava. Estou me referindo à Orla da Boa Viagem e do Gragoatá, que vale um parênteses.
No caminho, muitos pescadores e uma brisa inconfundível. Foi nesse trecho que me deparei com a primeira “roxinha”. Um pouco depois escuto uma criança comentar com o seu pai: “olha, essa é a bicicleta que falei. É igual a do Rio, papai!”. Não deu nem cinco minutos e passo por um grupo de adolescentes. Esses também já sabiam da novidade: “olha, já está funcionando!”.
Depois de passar pela Orla do Gragoatá, resolvi dar uma pausa. Lembro que poderia tornar o passeio ainda mais agradável e resolvo colocar uma música no fone de ouvido. Era um samba das antigas que não sai da minha cabeça. Estou falando do “Baile no Elite”, de João Nogueira. Dei play e logo voltei para o meu pedal. A bicicleta, naturalmente, estava muito conservada. O freio, tanto o da frente quanto o traseiro, funcionava perfeitamente. Assim como a mudança de marcha.
Optei pela marcha de número 1, inicialmente, para deixar a bicicleta mais leve e o passeio mais fluido. Esse trajeto que abrange o final da Praia de Icaraí, Boa Viagem e até o início de Gragoatá tem algumas oscilações e trechos mais íngrimes, então é importante ficar atento ao freio nas descidas, e sempre ir dosando a marcha mais adequada. Logo o asfalto volta a ficar mais plano, novamente.
Após percorrer por toda a Orla de Gragoatá, desemboco na Cantareira, reduto dos jovens universitários. Sigo caminho e dou de cara com o Reserva Cultural, complexo cultural que frequento muito. A única parte mais enjoada é a Cantareira e seus paralelepípedos chatinhos. Mas dura pouco.
De olho no aplicativo, vi quanto tempo me restava para devolver a bike. Vinte minutos. Nesse momento ainda estava na dúvida se dava uma pausa para tomar uma coca super gelada ou se seria forte o suficiente para seguir minha rota.
Quando dei por mim já estava chegando no Centro de Niterói. Se freasse para pensar seria caminho sem volta, não tenho dúvidas. Mas meu subconsciente me salvou. Cheguei no Centro e outra nostalgia: o Outback do Plaza. Tirando as filas sem fim, era muito legal essa época que não pensava em boleto para pagar. Passei pela estação das barcas, sempre muito movimentada. Interessante porque era hora de almoço, então pude observar cenas típicas desse momento do dia. Pessoas falando no celular enquanto andavam, pedreiros comendo suas quentinhas no meio fio, pessoas pegando ônibus na maior correria.
Nesse trecho do Centro, vale um destaque: em frente à estação das barcas uma obra acontecia, mas não atrapalhou o passeio, pois se tratava de um pequeno trecho e tinha um desvio. Depois de passar pelo shopping Bay Market, chego ao meu destino final. Confesso que estava na dúvida se deixaria a bike no Theatro Municipal ou no Terminal de ônibus João Goulart. Mas o destino foi gentil comigo dessa vez.
Ao chegar no João Goulart, um pouco antes, na verdade, há uma estação da NitBike. Chegando lá encontro com nada mais nada menos que o diretor de Educação e Comunicação da Niterói de Bicicleta, Rafael Pereira. Se fosse combinado talvez nem daria certo. Óbvio que não ia perder a chance e fiz umas perguntinhas.
“No momento temos 10 estações funcionando. De ontem para hoje, às 6 da manhã, tivemos um total de 6.000 cadastros. Em 24 horas. É um número muito bom. No aplicativo, é possível ver todas as estações. Importante falar que a bike mirim vai estar sempre perto de uma adulta. Vão ser chamadas estações famílias. As mistas. Serão elas: Campo de São Bento, Caminho Niemeyer, Horto do Fonseca e Boa Viagem. Ainda vamos ampliar as estações, tanto de adulto quanto para crianças.
O cadastro da Nitbike pode ser feito no Bicicletário Arariboia ou baixando o aplicativo inserindo o cartão de crédito (sem qualquer gasto). É possível fazer quantos passeios quiser por dia. Desde que obedeça a 1 hora de percurso desde a retirada e os 15 minutos de intervalo.
O sistema vai crescendo radialmente. As estações são pensadas num raio de 5oo metros, aproximadamente, levando em conta: densidade demográfica, pontos turísticos e quantidade de viagens possíveis a serem executadas.”
“Diferente das bicicletas compartilhadas utilizadas no Rio de Janeiro, a Nitbike é um serviço público e pode ser equiparada a um serviço oferecido por um ônibus, por exemplo. A Itaú patrocina no Rio. Caso desista, a cidade tem que ir atrás de um outro patrocinador para que o serviço continue. Aqui, na falta de patrocinador, a Prefeitura de Niterói arca com os custos. A empresa da Nitbike é a mesma utilizada em cidades como Recife, Fortaleza e Macaé.”
“Como coordenadoria que pensa bicicleta e inserida na Secretaria Municipal de Urbanismo e Mobilidade (SMU), desenvolvemos o projeto e encaminhamos para a Prefeitura. O projeto foi aprovado pelo prefeito e está dentro da Lei Orçamentária. É um projeto robusto.
O projeto é de 2015, mas nenhuma empresa se interessou por arcar com a implementação. Tivemos que rever tudo, refazer o processo e dessa vez a gente conseguiu .”
“O nome foi escolhido por votação popular através do Aplicativo Colab, semelhante ao que foi feito recentemente com a assistente virtual da Prefeitura, a Nikita. “
No meio da nossa conversa, dois homens se aproximaram e perguntaram coisas básicas de funcionalidade, como faz para retirar, se o serviço é pago. Até que… “Mas pera aí, ela é da Nubank?”. E Rafael retruca: “Não cara… só porque é roxinha? Não vai cair numa fake news”. E todos caímos na gargalhada.
Quando totalmente implantado, o serviço da NitBike contará com 50 estações, sendo 46 para adultos e quatro para crianças, em um raio de 5 km do Centro de Niterói, totalizando 600 bikes oferecidas gratuitamente no município.
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