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Em meio a uma grave crise hídrica e energética, que fez subir a conta de luz e trouxe de volta o fantasma do racionamento, consumidores estão migrando para o sistema de geração de energia solar. Acompanhando a tendência nacional, a procura por empresas especializadas na instalação dos chamados painéis fotovoltaicos cresce em Niterói, como forma de economia e investimento.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), as usinas solares são a sétima fonte de geração no Brasil. Mas a maior parte da capacidade dessa matriz energética está nos telhados das residências. Embora não haja dados específicos sobre Niterói, o mercado tem sentido o aumento na procura por instalação de equipamentos de captação de energia solar.
Empresas da cidade confirmam a tendência nacional. Uma delas é a Solarprime, que teve um boom nas vendas em 2020: 48% a mais do que no ano anterior. Em 2021, os reajustes na conta de energia elétrica tradicional também já impactaram na procura. É que a energia solar é capaz de suprir a demanda tota de uma residência, cabendo ao consumidor pagar apenas a taxa mínima da concessionária.
— A procura cresceu no segundo semestre de 2021, em função dos aumentos da energia e bandeiras tarifárias — afirma Roosevelt Gabri, sócio da franquia Solarprime. — Após o sistema ser implantado e homologado pela concessionária, o cliente terá seu consumo reduzido a zero, pagando apenas as taxas de disponibilidade e de iluminação pública.
O investimento, no entanto, ainda é alto. A maioria das empresas trabalha com equipamento importado da China, sujeito ao câmbio e a eventuais dificuldades na importação. Como a alta procura pelos painéis solares é um fenômetno global, eles chegam no Brasil por um preço elevado. O custo para instalação de oito a dez placas, que suprem a demanda de uma residência padrão, passa de R$ 20 mil.
Investimento com retorno
O preço assusta menos se o consumidor encarar como investimento. Ele paga pelo equipamento agora o equivalente a alguns anos de consumo, mas se vê livre de cerca de 80% da cobrança mensal. Além disso, a energia excedente volta para a concessionária e pode ser distribuída para outro imóvel que seja abastecido pela mesma empresa. Ou seja, o morador de Niterói que tiver uma casa na Região dos Lagos ou em qualquer outra cidade atendida pela Enel pode pagar conta de luz menor por ter “gerado” a energia desse segundo imóvel.
Outra possibilidade é que essa energia excedente fique “armazenada” na concessionária, como uma espécie de crédito, válido por cinco anos. Esse é o caso da professora Regina Couto Catarino, que há um ano decidiu instalar painéis solares em casa. O investimento foi de R$ 28 mil financiados em três anos. É como se ela pagasse pouco mais de R$ 700 de conta todo mês, sem risco de aumento. Depois que quitar o financiamento, ela passará a pagar, no máximo R$ 70.
— Produzimos somente para a nossa casa, mas temos energia excedente todo mês — relata a professora. — Temos outro imóvel, porém está alugado. Então, deixamos o excedente acumulado.
A experiência de Regina Couto Catarino tem sido tão positiva, que dois vizinhos já estão planejando instalar painéis fotovoltaicos.
— Achamos o investimento uma boa economia. Sem contar que é uma energia limpa, produzida pela natureza, praticamente.
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