Nestes trabalhos, o artista discute a relação da escrita com a geometria e a figuração. Sua linguagem visual e material vem do fascínio pela caligrafia dos antigos escribas nos pergaminhos envelhecidos do Velho Testamento, bem como das iluminuras da Idade Média e das partituras escritas à mão pelo pai violinista, já falecido.
– São obras pontuais que pautam o desenvolvimento de uma linguagem muito particular. São documentos físicos que contêm o DNA do meu processo criativo e conceitual. Foi através da pintura que busquei entendimento da minha forma de ser e estar no mundo. Interessante que, à medida em que fui compondo essa curadoria, os trabalhos revelaram camadas muito profundas de significado. E uma série de questões, até então subtraídas pelo meu inconsciente, veio à tona – afirmou.
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O começo de tudo
O público encontrará, ainda, quatro pinturas embrionárias – da época em que Goldfarb estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde mais tarde se tornou professor – e cinco esculturas sincretistas com diamantes, pedras preciosas brasileiras, ouro, prata, pérolas, cristal, seda, veludo, crucifixos, caroços de azeitonas e bala de fuzil acondicionados em redomas de vidro soprado à mão, sobre mármore de carrara.
A pintura de Goldfarb é conhecida pelos seus símbolos do cristianismo que ganham vida em composições abstratas que dialogam com o inventário estético muçulmano e hebreu. Suas obras já foram exibidas em diversas instituições no Brasil e em outros países como Espanha, Itália, Portugal, EUA, México, Venezuela e Chile.
Outra curiosidade é que a exposição resultará em um catálogo com organização e apresentação da filha mais nova do artista, Lia Mizrahi-Goldfarb, graduada em Filosofia e Estudos Teatrais pela Universidade Livre de Berlim, e mestranda em Filosofia na mesma entidade, paralelamente à sua atividade no audiovisual com foco documental.
A publicação vai contemplar as conversas entre Walter e a filha, para a elaboração da análise crítica da exposição e suas percepções sobre o exercício de ateliê do pai.
Serviço:
“Pele, os manuscritos do mar morto na gênese da linguagem visual de Walter Goldfarb”
Artista: Walter Goldfarb
Curadoria: Lia Mizrahi Goldfarb
Data: Até 20/07/2024
Horário: Segunda a sexta-feira, das 11h às 18h / Sábado das 13h às 18h
Local: Espaço Cultural Correios Niterói
Endereço: Av. Visconde do Rio Branco, 481 – Centro, Niterói
Entrada gratuita
Classificação: livre
A unidade conta com acesso para pessoas com deficiência.